A comunicação interna como pilar da identidade corporativa

A comunicação interna nas organizações desempenha um papel fundamental na construção de um ambiente de trabalho saudável, na promoção da transparência organizacional e no fortalecimento da cultura empresarial. No entanto, a sua importância é, muitas vezes, subestimada ou mal compreendida. Para ser relevante e produzir efeitos, é fundamental compreender a quem pertence este pelouro, e qual é o seu propósito essencial.

Primeiro, acredito que seja importante definir o que é a comunicação interna. De forma muito simplificada, trata-se do fluxo de informações dentro de uma organização, englobando desde a disseminação de diretrizes e políticas, até a troca de feedback entre os colaboradores. É o meio pelo qual a liderança de uma empresa se conecta com os colaboradores e vice-versa, e a principal ferramenta para a criação de uma cultura corporativa concreta, real e que produza efeitos.

Em segundo lugar, importa compreendermos a crescente importância da comunicação interna, num mundo onde assistimos a uma adoção cada vez mais generalizada do trabalho híbrido e remoto. Em algumas empresas tornou-se comum a existência de equipas dispersas geograficamente, e de colaboradores a trabalharem em diferentes fusos horários. Existem ainda os regimes híbridos, em que os profissionais alternam entre dias de trabalho presencial, no escritório, e dias de trabalho remoto. Num cenário que poderá ser também pautado pela distância física das equipas, a comunicação interna torna-se assim num elemento ainda mais essencial para manter todos os profissionais participantes na cultura da empresa, alinhados e envolvidos nos objetivos próprios das equipas, e produtivos.

Esta nova realidade veio exigir às empresas e aos profissionais maior flexibilidade e capacidade de adaptação a um contexto de velocidade de mudança, num mercado que é visivelmente global, e com planos de ação mais curtos e imediatos. Ao mesmo tempo, é evidente a substituição de modelos de liderança top down por outros mais colaborativos em que, no fundo, a voz de comando é substituída pela voz da colaboração. Os colaboradores das empresas querem mostrar a sua personalidade e individualidade, querem ser ouvidos, considerados, e fazer parte de um propósito maior.

A comunicação dentro de uma empresa desempenha assim um papel fundamental na garantia de que os objetivos organizacionais sejam compreendidos por todos – e que façam sentido para todos, assim como que a informação seja partilhada de forma oportuna, e que os laços entre os colegas sejam fortalecidos, mesmo quando existe um ambiente de trabalho virtual. É através de uma comunicação interna sólida que os líderes podem manter a coesão das equipas, promover um sentido de pertença e sustentar a cultura empresarial, independentemente da localização física dos colaboradores.

A quem pertence, então, essa responsabilidade? A verdade é que se trata de uma questão que divide opiniões. Há quem defenda que a comunicação interna deve integrar o departamento de Recursos Humanos, argumentando que os profissionais de RH têm as competências interpessoais necessárias para uma comunicação eficaz. Por outro lado, há quem acredite que, devido à natureza da palavra “comunicação”, a responsabilidade deverá recair sobre o departamento de Marketing ou (no caso de empresas com uma estrutura que o permita) sobre os departamentos de Comunicação.

Defendo que a comunicação interna deva ser uma função estratégica, e como tal, deve ser liderada pela direção. O CEO, enquanto principal líder de uma organização, deve assumir o papel de impulsionador da comunicação interna. Afinal, é a pessoa que espelha a visão, a missão e os valores da empresa.

Com uma comunicação interna liderada pela direção, existe a garantia de que é tratada como uma prioridade estratégica de uma empresa. Tal significa alocar os recursos adequados, investir em tecnologias e plataformas que facilitem a comunicação, e promover uma cultura de abertura e transparência. Além disso, ao envolver todos os líderes da organização na execução da comunicação interna, as mensagens tornam-se mais autênticas e relevantes para os colaboradores em todos os níveis.

Adicionalmente, as competências de marketing desempenham também um papel fundamental na comunicação interna, proporcionando um conjunto de vantagens e benefícios tangíveis. Ao aplicar técnicas de segmentação, quer seja na identificação de diferentes perfis de colaboradores, na personalização de mensagens ou na escolha dos canais de comunicação mais adequados, é possível otimizar a eficácia da comunicação interna. Tal resulta numa maior relevância das mensagens para as pessoas, aumentando a sua compreensão, o envolvimento e o alinhamento com os objetivos da empresa. Com a segmentação, temos uma comunicação mais direcionada e eficiente, garantindo que as informações certas cheguem às pessoas certas no momento certo.

A nossa sociedade vive atualmente numa era em que a comunicação é mais importante do que nunca. Com a crescente complexidade dos negócios e os desafios impostos pela globalização, pela transformação digital e pela alteração da forma de trabalhar, as empresas que reconhecem a importância da comunicação interna estão numa posição mais vantajosa para alcançar o sucesso. Está na hora de valorizar e investir na comunicação interna enquanto pilar fundamental da estratégia empresarial.