A embriaguez do sucesso
Seja na vida pessoal ou profissional, quando experimentamos um pico de sucesso temos uma tendência natural para ter um aumento da autoconfiança. Ganhamos coragem, esperança e atrevimento para nos aventurarmos mais além. Tornamo-nos mais seguros e cientes das nossas capacidades porque sabemos o caminho feito de esforço, terreno tortuoso e superação que percorremos para lá chegar. E quanto mais sofrido for, maior o regozijo, verdade?
Mas a autoconfiança em excesso pode ser fatal. Pode cegar. Pode comprometer a qualidade do trabalho e afetar os resultados. Facilmente se transforma em arrogância e é exatamente aí que mora o perigo, porque elimina o mais fundamental dos princípios: a humildade. O excesso de confiança leva a uma falta de atenção aos detalhes e a um perigoso relaxamento. Coloca-nos num estado de embriaguez no qual ignoramos os avanços do mundo, aumentando as hipóteses de retrocedermos ou estagnarmos, em vez de avançarmos.
Com o marketing ou a comunicação é exatamente igual. A gestão de uma marca é um trabalho constante, feito de conquistas, sucessos e falhanços numa tentativa permanente de manter a agulha virada a norte, mesmo quando as correntes e o vento não estão de feição.
É boa a sensação da conquista. É extraordinário o pico de adrenalina que o sucesso oferece. É avassalador o êxtase de um projeto bem-sucedido. Claro que sim! Mas o que fizemos bem no passado não nos mantém necessariamente no mesmo patamar no futuro. O sucesso é circunstancial, é efémero. Dura apenas um momento. E no momento seguinte a vida já nos coloca um novo desafio, já nos faz tremer o chão, já nos coloca novamente a pensar se seremos realmente capazes ou se estamos a dar um passo maior que a perna. E essa é justamente a beleza da vida: a eterna busca pela superação, alicerçada na humildade.
Percorremos todos os dias uma longa maratona onde a persistência e a integridade são essenciais. Cuidado para não cairmos na ressaca prolongada de uma grande festa.