A Gestão de Talento merece uma Transformação Digital

A Transformação Digital tem permitido criar inúmeras oportunidades de aumento de competitividade das organizações, através da criação de novos modelos de negócio, bem como de ganhos de eficiência de processos e aumentos de produtividade dos seus colaboradores. Contudo, o debate até onde pode ir a integração da tecnologia em geral, e a Inteligência Artificial em particular, cada vez mais madura e mais usável pelas pessoas, está cada vez mais na agenda do dia a dia.

Este é um debate que para além de temas éticos, traz consigo o desafio de onde está a fronteira entre o humano e a máquina? Qual passa a ser o papel das pessoas numa organização e qual o papel dos seus líderes? Irá a inteligência artificial estimular a preguiça e falta de pensamento crítico?

Podemos responder a estas questões com um sim, ou um absoluto não, mas ao refutar completamente a realidade de evolução e inovação global, estaremos certamente a negar um mundo avassalador de competências e graus de vantagem competitivas, trazendo uma elevada probabilidade de a curto prazo arriscarmos a sustentabilidade de qualquer organização.

Se nos focarmos no papel das lideranças de pessoas, nomeadamente na Direção de Recursos Humanos ou Capital Humano, percebe-se facilmente o conjunto de dilemas com que se debatem. Alguns dilemas centram-se nas seguintes questões: Em que medida conseguem dinamizar a requalificação das equipas técnicas e administrativas para o uso colaborativo de plataformas tecnológicas, em que medida conseguem integrar novas gerações com hábitos muitas vezes mais voláteis e ágeis nas dinâmicas de processos de negócio existentes nas organizações ou como poderá o próprio uso de tecnologias nestas direções assegurar um papel centrado na gestão de pessoas?

Como em muitos processos de Transformação Digital, dependerá de como as próprias equipas de Gestão de Talento, e as suas lideranças, entendem a evolução e o aparecimento de novos modelos de gestão dinâmica de pessoas, em particular, começando pelo mais básico: entender como podem ser criados modelos de integração da tecnologia nos processos de trabalho na organização. Algo que, parecendo simples, nem sempre o é, pelas razões diretas de nem sempre “se conhecer a tecnologia” e as novas metodologias de gestão colaborativa e dinâmica que a Transformação Digital criou.

Recentemente um Diretor de Recursos Humanos de uma multinacional portuguesa dizia: “A minha empresa investiu milhões de euros em tecnologia, mas as pessoas estão a sabotar os robots”. Ou seja, esta afirmação traduz aquilo que é um “despejar” de tecnologia para cima de um problema, ao invés de mudar os processos de gestão de recursos humanos com tecnologia. “Mudar” com tecnologia é muito diferente de “Transformar” usando tecnologia.

Atualmente é crítico compreender quais é que são as competências digitais chave do presente e do futuro, tal como, quais as formas para as desenvolver. Para isso, importa também começar na capacitação das direções de capital humano e por quem lidera pessoas!

Criar organizações ágeis, empreendedoras, humanizadas e flexíveis não é uma utopia, é uma escolha estratégica e orientada a longo prazo. Criar culturas onde o interesse comum prevalece aos jogos de interesse e poder, em que a criatividade e inovação prevalece à hierarquia, onde o Ser é melhor do que Parecer, onde o conhecer as pessoas para saber encontrar e utilizar os melhores meios e ferramentas para que os Líderes, é hoje mais urgente. A aceleração digital obriga a que estas dinâmicas só sejam possíveis se usarmos também tecnologias nos processos de gestão de pessoas, beneficiando da própria Inteligência Artificial para identificar melhorias e otimizações nesta atividade.

Esta foi a base da criação da Pós-Graduação de Gestão de Talento 4.0 da Universidade Lusófona! Saber usar e beneficiar da tecnologia, mudando processos de gestão de capital humano.

Autores:

Rui Ribeiro – Diretor Executivo da Lusófona Information Systems School

Rosário Cramez – Professora e Consultora de Gestão de Talento