A Vulnerabilidade como particularidade impulsionadora da Produtividade e Transparência no Ambiente de Trabalho
A vulnerabilidade é, muitas vezes, vista como um sinal de fraqueza. No mundo corporativo esta percepção é ainda mais acentuada, principalmente quando a busca por culpados é a primeira reacção à situações de inconformidade.
Tal percepção pode resultar do conceito do próprio termo “vulnerabilidade”. Ao pesquisar, encontramos tantas definições e exemplos, todos, ou quase todos, negativos.
A vulnerabilidade, per si, é tida como “… característica de quem ou do que é vulnerável, ou seja, frágil, delicado e fraco. A vulnerabilidade é uma particularidade que indica um estado de fraqueza, que pode se referir tanto ao comportamento das pessoas, como objectos, situações, ideias, etc.” (definição retirada do motor de pesquisa Google.
Ou seja, naturalmente, associamos a vulnerabilidade à fraqueza, o que resulta na mensagem que o nosso subconsciente envia à nossa mente consciente: “esconde a tua fraqueza”. E assim obedecemos. E assim seguimos. E assim nos defendemos, pensa a nossa mente consciente, orgulhosa, da acção tomada, pela advertência do nosso subconsciente.
No entanto, uma maior abertura e mudança de perspectiva pode revelar que a vulnerabilidade pode ser um poderoso impulsionador positivo de produtividade e transparência no local de trabalho. Ao invés de procurar culpados ou esconder falhas e preocupações por detrás de uma aparência de confiança, a abertura para ser vulnerável pode fortalecer o alinhamento entre as equipas, eliminar zonas cinzentas e dissipar as famosas “conversas de corredor”, unindo ainda mais as equipas e criando condições para um ambiente de trabalho saudável.
Ao criar um ambiente seguro e de confiança, não apenas sem julgamentos, mas também que incentive o suporte mútuo e a busca por melhoria contínua, os membros de uma equipa se sentem à vontade para expressar as suas preocupações e incertezas, o que promove um senso de confiança e coesão. Ao invés de competir uns com os outros, a equipa passa a colaborar e criar, automaticamente, um ambiente de apoio mútuo. A vulnerabilidade permite que todos reconheçam suas limitações e trabalhem juntos para superá-las, fortalecendo assim o alinhamento e a coesão entre a equipa.
Por outro lado, as zonas cinzentas são frequentemente criadas quando as informações são retidas ou distorcidas por medo de represálias ou julgamentos. Por isso, mais acima mencionamos que quando os funcionários se sentem seguros para serem eles próprios, são mais propensos a compartilhar abertamente informações e preocupações. Isso ajuda a dissipar as zonas cinzentas, promovendo uma cultura de transparência, segurança e confiança.
Um dos factores críticos e catalisadores de sentimentos negativos como a desmotivação, não interesse pela melhoria da equipa, individualismo, entre outros, são as conversas de corredor, onde as informações são compartilhadas informalmente e muitas vezes distorcidas. Estas podem ser prejudiciais, principalmente, para a cultura organizacional. Mas, quando existe abertura e criamos um espaço seguro, incentivando a autenticidade e a partilha de preocupações abertamente, a equipa se sente mais avontade para abordar as suas preocupações directamente, em vez de espalhar rumores pelos corredores. Isso promove uma comunicação mais aberta e honesta, reduzindo o impacto que estas conversas de corredor trazem.
Em suma, a vulnerabilidade não deve ser confundida com fragilidade. No contexto profissional, ser vulnerável significa, acima de tudo, ter a coragem de ser autêntico, admitir falhas, incertezas e limitações sem medo de retaliações. Esta transparência permite que indivíduos e equipas identifiquem problemas de forma mais rápida e trabalhem juntos para encontrar soluções. Ao reconhecer que ninguém é perfeito e que todos podem aprender com os seus erros, a vulnerabilidade cria um ambiente de melhoria contínua, onde a confiança e o apoio mútuo são valorizados acima de tudo. É nesse ambiente que a inovação floresce, e a produtividade se eleva, pois os colaboradores se sentem à vontade para correr riscos calculados e partilhar ideias sem receio de julgamento.
É por isto que, dentre outros, acredito fielmente que, ao invés de temer a vulnerabilidade, as organizações devem abraçá-la como uma força positiva no local de trabalho.
Reconhecendo a vulnerabilidade como um impulsionador essencial de produtividade e transparência, as organizações podem criar uma cultura onde a autenticidade e a colaboração florescem, resultando em equipas mais coesas e eficazes.
Repito, a vulnerabilidade não é uma fraqueza, mas sim um catalisador para uma cultura organizacional mais forte e resiliente.