Entrevista com José Cruz da Aubay Portugal
Cristina Cruz, Co-fundadora da ComunicaRH, teve o prazer de conversar com José Cruz, Chief Operating Officer da Aubay Portugal. Fomos saber um pouco mais sobre a Aubay, novas tecnologias e os desafios do mercado de tecnológico.
Quem é o José Cruz?
Sou uma pessoa muito simples, um pouco tímida até, humilde e que procura sempre ajudar quem está à volta. Gosto muito de rir, gosto de história, gosto de aprender, gosto de dançar, gosto de praia, gosto de ver ciclismo! Sou uma pessoa voltada para pessoas: a família em primeiro lugar, os amigos, os colegas, os clientes, os parceiros. Gosto de tratar as pessoas pelo seu nome, de as compreender e de conhecer um pouco da sua história. Acredito que na era em que vivemos a proximidade e a relação continuam a ser factores determinantes! A nível profissional estudei Gestão, trabalhei durante alguns anos em Recrutamento de IT até que entrei na Aubay em 2010 e aí começou aquela que tem sido a grande aventura: chegar a uma empresa que na altura em Portugal tinha um escritório de 9m2, apenas 1 cliente e 25 colaboradores e ser parte desta evolução constante que nos traz aos dias de hoje com mais de 1400 colaboradores tem sido fantástico!
Porquê Aubay?
Porquê a Aubay? Para mim é uma resposta muito simples! Porque somos uma empresa única, com uma cultura de feedback, de proximidade, orientados à melhoria contínua e centrados nas pessoas. Fazer parte de uma empresa com um histórico de crescimento constante é sem dúvida enriquecedor pois traz novos desafios o que é sempre interessante. O crescimento é gerador de oportunidades pois permite às nossas pessoas terem acesso a mais projectos, a mais desafios e a uma maior evolução. E para mim o que é fantástico é a Aubay estar a conseguir trilhar este caminho mantendo sempre uma imagem positiva no mercado. Fico sempre imensamente feliz quando falo com um ex-colaborador que nos quer referenciar um colega para trabalhar connosco. Ou quando um ex-colaborador nos liga porque agora tem uma posição de liderança e mantém uma recordação positiva da Aubay e por isso quer trabalhar connosco, desta vez como cliente.
Qual o negócio da Aubay?
A Aubay é uma empresa multinacional que actua na área de Consultoria Tecnológica e de Sistemas de Informação. Criada em 1998 em França, cotada em bolsa e com mais de 8.000 colaboradores. Estamos presentes em Portugal desde 2007, contamos com mais de 1.400 colaboradores e em conjunto com os nossos clientes, encontramos soluções customizadas, garantindo a gestão de todas as etapas do processo de acordo com as necessidades identificadas: Professional Services, Nearshore, Projetos em Time & Materials ou “Chave na Mão”, Gestão de linhas de serviço, entre outras soluções. Somos uma empresa generalista em termos tecnológicos ainda que tenhamos neste momento 3 parcerias com fabricantes (Databricks, DBT Labs e Blueprism) que nos ajudam a endereçar desafios técnicos que temos nos nossos projectos e clientes. Encontramo-nos preparados para acolher projetos nacionais e internacionais, diferenciando-nos pela proximidade e interação permanente com os nossos clientes e pela gestão das nossas pessoas. Os nossos serviços permitem externalizar as necessidades de IT e otimizar a gestão dos recursos humanos e técnicos associados.
O que vem a ser “Somos humanos e inovadores”?
Na realidade é “Ser Inovador é Humano”. Foi um mote criado pelo meu amigo e colega João Rodrigues (Chief People Officer da Aubay) que procurou dar-nos alguma identidade e mostrar que a inovação não é abstracta mas é sim o resultado dos seres humanos, das pessoas. As pessoas inovam, as pessoas criam tecnologia. E tem sido esse o nosso posicionamento: as pessoas conseguem gerar inovação e fazer a empresa avançar. Acreditamos que esta nossa capacidade de inovarmos enquanto nos mantemos bem humanos tem sido um dos factores mais importantes para conseguirmos crescer o nosso negócio de forma consistente, ano após ano, desde 2007.
O que já é realidade e o que vem por aí, em termos de tecnologia?
Inteligência Artificial, Realidade Aumentada, IOT, Blockchain, Green IT, Cibersegurança, Computação Quântica. Tudo isto já é realidade, em diferentes estados de maturidade, mas é a realidade! Está presente no nosso dia a dia. Se eu fizer um exercício de imaginar um pouco os próximos passos provavelmente começará a verificar-se uma evolução no que toca à integração entre todos estes temas. E essa integração terá potencialmente muitos desafios, mas ao mesmo tempo imensas oportunidades. Ou seja, creio que os próximos saltos não serão provenientes de um novo conceito/tecnologia, mas sim da integração entre os conceitos/tecnologias já existentes.
Quais os perigos das novas tecnologias? Como as empresas estão atuando para prevenir os riscos provenientes do desenvolvimento tecnológico?
As novas tecnologias, como quase todas as coisas na vida, podem trazer perigos se não forem usadas da forma correcta. As empresas estão cada vez mais conscientes destes riscos associados ao desenvolvimento tecnológico e estão a investir cada vez mais em equipas e acções relacionadas por exemplo com cibersegurança. Aqui na minha opinião existem duas componentes que são chave: em 1º lugar fazer com que as pessoas, os utilizadores, ganhem cada vez mais consciência sobre a temática e para que estejam alerta para os potenciais riscos existente; em 2º lugar passa pelo investimento nos processos, ferramentas e boas práticas que permitam mitigar os riscos.
O mercado de tecnologia está realmente aquecido? Em que área reflete esse aquecimento?
O mercado de tecnologia em termos históricos é um mercado que costuma estar mais “quente” e mais activo que os restantes. Neste momento o mercado passa por uma fase de ajustamento após a euforia pós-pandemia (2021/2022). Continua um mercado bastante activo mas que ao mesmo tempo procura avançar de forma um pouco mais conservadora que no período anterior devido aos factores externos como a guerra e inflacção. As áreas que nesta altura estão mais “quentes” acabam por ser as áreas de desenvolvimento de software, data e cibersegurança.
Quais os principais desafios de uma empresa de consultoria? E como avalia o estágio de maturidade do nosso mercado?
Uma empresa de consultoria enfrenta diversos desafios, muitos dos quais são inerentes ao próprio modelo de negócio. Mas apontaria talvez 3 principais desafios.
Diria que o primeiro e principal desafio passa pelo foco nas pessoas, na gestão de talento pois para uma empresa de serviços de consultoria os seus principais activos são efectivamente as pessoas. Se a empresa não for capaz de atrair, desenvolver e manter as suas pessoas dificilmente poderá ter sucesso nesta área. O segundo desafio passa pela agilidade na adaptação ao mercado. Podemos ter um serviço muito interessante e eficaz, mas se não for o que o mercado necessita torna-se irrelevante e inútil. A capacidade para analisar o mercado, para antecipar e agir rapidamente para se adaptar às necessidades é cada vez mais um factor crítico de sucesso. O terceiro desafio passa pela capacidade de satisfazer as necessidades dos clientes. A proximidade, a compreensão, a comunicação, a transparência e o sentido de parceria alimentam a relação com os clientes. Em resumo, foco nas pessoas, capacidade de adaptação ao mercado e uma consciência permanente que no final prestamos serviços aos nossos clientes.
Em termos de maturidade do mercado português diria que estamos num estágio intermédio. Temos sentido uma grande evolução nos últimos anos que nos coloca cada vez mais preparados para evoluir. Mas creio que ainda existe bastante espaço de melhoria quer em termos de clientes quer em termos de serviços de consultoria.
Como as novas ferramentas tecnológicas tem vindo a acelerar o desenvolvimento das empresas de tecnologia e como esse desenvolvimento auxilia as empresas no processo contínuo de busca por inovação?
As novas ferramentas tecnológicas potenciam sempre o desenvolvimento das empresas, sejam ou não empresas da área de tecnologia. Mas a tecnologia é um facilitador, um acelerador se quisermos chamar assim, a busca pela inovação e melhoria contínua é algo que está centrado nas pessoas. Uma grande ideia é pensada por uma pessoa, que depois a converte num software ou num processo de negócio que depois é implementado através de um software. Mas lá está, a base de tudo no que toca à inovação são as pessoas! Daí que fomentar uma cultura orientada à inovação deve ser parte dos objectivos de qualquer líder pois é essa inovação que, num mercado altamente competitivo, vai não só manter a empresa viva como fazê-la evoluir e crescer.
A Aubay anunciou, recentemente, uma parceria. Qual o objetivo dessa parceria? E qual a importância dessa iniciativa para a Aubay, cliente e mercado?
Esta nova parceria anunciada há umas semanas vem reforçar o nosso posicionamento enquanto empresa que consegue acompanhar os seus clientes nas mais variadas necessidades. Seja um cliente local que está a passar por um processo de transformação digital seja um cliente internacional (como é o caso desta nova parceria) que procura constituir em Portugal um hub de inovação tecnológica. Foi um grande orgulho para nós pois conseguimos ser a empresa seleccionada de entre um grupo muito relevante de outros competidores! Para o nosso cliente é um passo muito importante na medida em que lhes vai permitir continuar a crescer de forma sustentada e sempre com o foco na inovação. Para o mercado português em geral é sempre positivo pois traz novas oportunidades a vários níveis sobretudo no que toca à criação de mais postos de trabalho para atrair e reter profissionais qualificados e também a mais espaço para investigação e inovação.
Qual o momento do setor de tecnologia no mercado de trabalho?
Como dito anteriormente é um momento de ajustamento pós-pandemia. Continua um mercado bastante activo mas que ao mesmo tempo procura avançar de forma um pouco mais conservadora que no período anterior devido aos factores externos como a guerra e inflacção.
Qual é a demanda atual do mercado de TI? Como ultrapassar os desafios? E qual a realidade da Aubay?
O mercado recuperou um pouco em relação ao início do ano o que nos dá perspectivas positivas para esta reta final do ano e para o início de 2024. Ultrapassar os desafios passa pelo foco nos 3 pontos que identifiquei acima: foco nas pessoas, capacidade de adaptação ao mercado e proximidade com os clientes. A Aubay procura ter estes 3 pontos sempre muito presentes no dia a dia pelo que estamos confiantes que continuaremos na nossa trajectória consistente de crescimento e de evolução como empresa de modo a sermos cada vez mais um actor incontornável no mercado português.
O que faz perder o sono?
Na realidade o que me faz perder o sono é quando quero adormecer e um mosquito anda a fazer aquele som irritante à volta dos ouvidos! 😊 Tirando isso não há muitas coisas que me façam perder o sono pois felizmente desde cedo sempre consegui dividir o que é trabalho e o que é não é trabalho, então depois de desligar o portátil as preocupações ficam lá dentro do portátil. Dormir é algo muito importante e que por vezes não valorizamos devidamente! Por isso tento manter uma rotina de sono e dormir pelo menos 8 horas.
O que podemos esperar para 2024 no setor das tecnologias?
As previsões, nomeadamente na fase de mercado em que estamos são sempre complexas, mas na minha opinião podemos esperar a manutenção de um mercado com um bom dinamismo. Certamente continuaremos a assistir a algumas evoluções no âmbito da Inteligência Artificial, da Realidade Aumentada, do Green IT, da Cibersegurança. O foco na atracção, desenvolvimento e retenção de talentos será também um tópico que continuará a estar no topo da agenda do setor das tecnologias pois, mais uma vez, nada acontece sem pessoas e como tal espero uma forte atenção sobre a temática pessoas.