O papel do RH na existência do negócio

O RH cuida de pessoas e são elas que podem mudar o mundo.

Pode parecer clichê, mas nunca estivemos em uma situação tão alarmante como a colocada pela crise ambiental sem precedentes. A conclusão é que falta tudo, inclusive tempo. Apenas um recurso se mostra abundante: o humano. E talvez seja essa a única arma potente para nos tirar dessa emboscada que conta com o nosso DNA, identidade e impressão digital. Se fomos capazes de criar tudo isso com as próprias mãos, também podemos, agora usando a cabeça, consertar tudo e tentar sair de um caminho que parece não ter volta.

Os questionamentos são diretos: como vamos produzir, consumir, nos relacionar e, em geral, viver? Haverá espaço, emprego, oportunidade e recursos para todos? Do jeito que estamos não! Agora, há uma estratégia (cansativamente repetida, mas necessária) a ser seguida e que pode garantir a nossa existência: a sustentabilidade.

Se a partir de eventos como a Rio 92 e Rio +20 passamos a ver o mundo em um movimento de transformação (inclusive com a criação do Pacto Global), temos observado, também, empresas que, por uma visão de negócio, passaram a perceber o tamanho do impacto que a crise ambiental tem causado. Essas organizações notaram que seus negócios não estão alheios a eles. O consumidor, por exemplo, mudou e, com ele, o modo de consumir.

Diante disso, essas companhias têm tomado à frente e assumido o protagonismo no que diz respeito às estratégias de sustentabilidade, não apenas cumprindo exigências, regulações e fiscalizações, mas propondo novas formas de observar o negócio. É a sustentabilidade tornando-se parte da estratégia e se tornando um valor inegociável dentro das organizações. Não porque elas são “boazinhas”, mas sim porque, sem ela, as empresas não produzem, as pessoas não compram e os negócios começam a ruir.

Neste processo, a área de Recursos Humanos, chamada por muitos de “Guardiã da Cultura”, possui extrema importância.

Ela pode contribuir, e muito, para que as organizações se conscientizem e se voltem para a criação de uma cultura sustentável. Aliás, o chamado RH deveria ter a sustentabilidade como sua missão, pois sem um ambiente propício as pessoas não conseguirão viver, quanto mais produzir…

A contribuição do RH é crucial para o futuro das organizações, ajudando-as a refletir sobre, entre outros aspectos, o tipo cultura que poderá garantir a existência do negócio nos próximos 50 anos. Estudando e ouvindo pessoas, responder sobre que tipo de valor os melhores profissionais, aqueles que podem inovar e aumentar a competitividade, buscam em uma organização. Além disso, como mostrar o valor desse tema para aqueles que já fazem parte da empresa, conscientizando para que os empregos possam ser garantidos em um mundo que será cada vez mais competitivo pela falta de recursos.

Qual é o tipo de inovação que será incentivada? Quais valores humanos são necessários?

Questões como essas nortearão a existência dos negócios nos próximos anos e podem, sim, contar com um grande apoio da área de RH que, importando a sua descrição da economia (Recursos), já pressupõe a capacidade de captar e transformar de modo excelente um recurso bruto.

É a hora e a vez do RH ser protagonista na apregoação do chamado “Evangelho da Sustentabilidade” contra os já anunciados “Cavaleiros do Apocalipse” do século 21. Olhar para a sustentabilidade na sua essência (Negócios, Pessoas e Meio Ambiente) é o único caminho. Como primeiro passo, insisto que é preciso olhar verdadeiramente para as pessoas. Recuperar valores essenciais como a empatia é primordial. Se não nos importamos com o próximo, como poderemos nos sensibilizar com a extinção de outras espécies ou mesmo com os negócios da empresa? A crise ambiental é, antes de tudo, uma crise de ego, humana e empática.

O RH cuida de pessoas e são elas que podem inovar e fazer o negócio existir daqui a 100 anos. São elas que, nesta nova forma de fazer negócio, inaugurarão também a nova forma de vida na Terra. Que bela missão tem o RH!

Sobre o autor

Vieira Junior é graduado em Comunicação Social pela Universidade Metodista de Piracicaba (Unimep), pós-graduado em Administração de Empresas pela FGV (Fundação Getúlio Vargas) e Gestão de Pessoas, Carreiras, Liderança e Coaching pela PUC (Pontifícia Universidade Católica) do Rio Grande do Sul. Trabalha desde 2010 na área de comunicação corporativa estratégica e sustentabilidade, tendo já atuado em contato com empresas como Consórcio PCJ, ARES-PCJ, FGV, Votorantim, OJI PAPÉIS ESPECIAIS e Sicoob.
Atualmente, é Gerente de Comunicação, Marketing e Sustentabilidade da Sicoob Cocre, instituição financeira cooperativa com mais de 50 anos de existência e que integra o sistema Sicoob, o maior sistema cooperativista financeiro do Brasil.

Palestrante e apresentador, também é membro da comissão avaliadora do Prêmio Latinoamerica Verde desde 2017, além de ser autor do livro “A História da Educação Ambiental nas Bacias PCJ” (2017). Em 2011, recebeu o prêmio Losso Neto de Jornalismo pelo trabalho “Jornalismo como Ferramenta de Formação e Educação Ambiental”, concedido pelo Jornal de Piracicaba.