Como aumentar seu nível de bem-estar e felicidade

Em nosso dia a dia, é tão fácil focar no que não é certo – os aborrecimentos com alguém que nos machuca; o risco de uma doença terminal em um parente nosso ou até o tão temido COVID que está a assustar milhões de pessoas; o desemprego; a falta de abundância em nossa vida, etc.

A psicologia positiva afirma que é o nosso inato viés de negatividade, que foi incorporado para nos ajudar a afastar ameaças à vida e aos membros de nossa vida, que facilita a preocupação ou o estresse com desafios grandes e pequenos.

No entanto, uma das lições mais importantes que aprendi nos últimos 14 anos – ao estudar a neurociência de forma autodidata – é que viver uma vida rica, feliz e gratificante é procurar apreciar e descobrir o que é bom em nosso mundo hoje e investir tempo e esforço para torná-lo melhor ainda.

Foto: Ana Bacellar no WOHASU 2019 (World Happiness Summit) realizado em Miami – USA.

Experiência com a morte

O tema felicidade faz parte de minha vida há muito tempo. Aos 18 anos fui operada ao coração. Tive uma experiência de quase morte (EQM) e quando voltei para esta vida aqui fiz um pacto com a felicidade: ela me perseguia e eu corria para os braços dela. Simples assim.

Um detalhe me surpreendeu nesta experiência de “morte”: eu estava feliz por ter morrido. Sentia uma paz e plenitude imensas.

Dos meus 18 anos para cá, muita vida aconteceu na minha vida. Errei muito. Acertei muito. Indubitavelmente cresci muito. Decidi viver com intensidade; com celebração; com alegria. De forma deliberada, todas as manhãs eu escolhia ser feliz, não importasse o que aconteceria naquele dia. Sempre fui bem-sucedida? Claro que não. Sem controle pelos acontecimentos externos, parti na jornada do domínio próprio.

Em 2018 vivi um momento muito impactante e de forte conteúdo emocional. “Um Portal de oportunidade iria surgir daquilo”, eu dizia para mim mesma e é o que sempre digo quando algo me afeta de forma negativa, sob o aspecto emocional. Foi exatamente o que aconteceu.

Foi aí que o tema felicidade, sob a perspectiva científica, entrou de vez em minha rotina. Uma amiga e eu iniciamos uma série de estudos para aliar nossas experiências e personalidades, com aprendizados científicos sobre a felicidade a fim de impactar a vida das pessoas de forma super positiva.

Aprendi, então, que a felicidade pode ser construída.

Depende da decisão de cada pessoa. Cada um de nós pode escolher a felicidade como amiga de rotina. Eu já fazia isto de forma empírica, apenas porque decidira isto, e os estudos sobre o cérebro, a mente, o subconsciente me ajudaram muito nesta decisão.

Para compreender as causas essenciais que proporcionam felicidade viajei, fiz cursos, estudei e analisei várias pesquisas aplicadas nos quatro cantos do mundo, e pasme, conversei, pessoalmente, com neurocientistas e autores de grande bestsellers mundiais que tinha estudado, empresários, pessoas comuns e desconhecidas, parentes, amigos e toda a sorte de informação que podia ter acesso.

Nas certificações internacionais que tirei sobre Felicidade e Bem-Estar, descobri métodos para chegar ao tão desejado estado de contentamento contínuo, a despeito das atribulações do dia a dia e adversidades da vida. 

Partilho abaixo algumas dicas. São ações simples e comprovadas cientificamente que você pode começar a implantar hoje mesmo! Cuide de si e de seu bem-estar e felicidade.

O que é felicidade?

Pesquisadores afirmam que a definição do que seja felicidade pode mudar de pessoa para pessoa, mas, em sua essência, a verdadeira alegria depende da sua conexão com outras pessoas.

Os relacionamentos interpessoais são o que mais afeta a felicidade e o caminho para ela é investir em conexões genuínas, carregadas de significado, empatia, compaixão e de autocompaixão.  

Um estudo muito utilizado pela comunidade científica sobre a felicidade é da pesquisadora Sonja Lyubomirsky que é professora do Departamento de Psicologia da Universidade da Califórnia, em Riverside, USA.

O estudo aponta que 50% da disposição de uma pessoa em ser feliz é genético, 10% é proveniente das circunstâncias e 40% desta disposição de ser feliz é baseada em atividades intencionais, ou seja, sob a responsabilidade de cada um.

São nestes 40% que se encontram a nossa decisão de ser feliz e isto determina o rumo que viveremos a vida.

Existem vários estudos sobre a felicidade. Eu fico com os cientistas: depende de pessoa para pessoa.

Descobri que ser útil aos outros e fazer a diferença na vida dos outros é uma mola propulsora daquilo que intitulamos felicidade.

Se você der um passo adiante e a cada dia decidir seguir em frente, adotar as práticas aqui recomendadas, com lastro científico, eu lhe asseguro que sua vida será uma experiência muito melhor do que já é hoje. E se não for uma boa experiência que você está a ter agora, você terá.

Finalizo esta parte com caminhos complementares para a felicidade autêntica, defendida pela Psicologia Positiva, do Prof. Martin Seligman.

A primeira delas é a “vida engajada“.     

Isso considera a pessoa estar totalmente envolvida em suas atividades diárias de vida, relacionamentos e trabalho; e a pessoa se torna mais feliz através do engajamento. Há o encorajamento para descobrir o que é intrinsecamente gratificante para si.

O segundo caminho envolve encontrar significado e propósito por meio de uma conexão com uma causa maior.

Em outras palavras, as pessoas podem encontrar felicidade ao usar suas forças pessoais a serviço de algo maior que elas próprias (como família, comunidade, etc.).

Para se tornar “mais feliz”, a recomendação de passar algum tempo a planejar atividades agradáveis, envolventes e significativas é parte do conceito difundido por aqueles que a praticam. Eu mesma faço isto e atesto que traz resultados.

Seis práticas que aumentam seu bem-estar:

As dicas que compartilho a seguir eu aprendi no curso que fiz na Universidade de Yale (USA) com a professora Laurie Santos.

De uma forma bem resumida, listo 6 práticas, validadas pela ciência, que aumentam o nosso bem-estar e, por consequência, nosso nível de felicidade. Você verá como é mais simples do que imaginava. Experimente uma vida mais rica e gratificante – aqui mesmo e imediatamente.

1. Gratidão

Não tem como dissociar a gratidão de qualquer estado de felicidade ou plenitude. Praticar a gratidão proporciona um profundo impacto em quem a pratica e a quem recebe um ato generoso. A gratidão pode reorientar seu cérebro para começar a procurar o que é bom na vida, superando seu viés natural de negatividade e fazendo você se sentir mais satisfeito com o que está indo bem para você. Que tal fazer um diário de gratidão? Escreva, todos os dias, três coisas que despertaram a gratidão em seu dia! Funciona.

2. Compaixão

A compaixão é o ato de sentir a dor do outro e então agir para ajudá-lo. Praticar a compaixão tira o do foco de se concentrar em suas próprias necessidades. A compaixão retarda o “hormônio de ligação” conhecido como oxitocina e ilumina áreas do cérebro relacionadas ao prazer. Como exercitá-la? Realizar atos de bondade para com os outros e perceber seus sofrimentos. Ambos se beneficiarão. Acredite! As pequenas cortesias diárias suavizam a vida!

3. Saborear o momento

Perceber o que é bom e prazeroso ao seu redor permite que você esteja “no momento”, no AGORA – estado de presença, mindfulness. Perceber as emoções positivas que você está a sentir, como reverência, esperança e amor, aumenta sua apreciação no momento. Você pode praticá-lo quando estiver a experimentar algo prazeroso e tirar uma foto mental. Isso o incentiva a explorar mais profundamente o que está a acontecer, para que você possa se lembrar mais tarde, o que também eleva a apreciação que você está a ter no momento.

Eu costumo fazer o “savoring”, termo em inglês, quando estou a almoçar, tomar meu chá com leite ou quando estou a dirigir. Parece que tudo fica mais intenso, colorido, saboroso… Nestes tempos de coronavírus estou a exercitar, em praticamente todas as minhas experiências, o prazer de saborear o momento.

4. Otimismo

Olhar para o lado positivo tem um lado positivo. Os otimistas estatisticamente não apenas vivem mais, mas vivem melhor, com um risco muito menor de morrer de doenças como câncer, doenças cardíacas e derrame. Ser otimista diminui sua resposta ao estresse, o que leva a uma melhor saúde (e felicidade).

Como fazer isso? Comece cada dia anotando o que mais espera para este dia; assim como com a gratidão, em breve você começará automaticamente a procurar coisas para se entusiasmar.

5. Mindfulness*

*Atenção Plena: um estado mental alcançado ao focalizar a consciência no momento presente, reconhecendo e aceitando com calma os sentimentos, pensamentos e sensações corporais usados como técnica terapêutica”. LiveHappy.com.

Grande parte da nossa ansiedade vem da preocupação com o futuro. Frequentemente a depressão está ligada a arrependimentos sobre o passado. Como citado anteriormente, a atenção plena nos lembra de permanecer no momento e focar no que está a acontecer connosco agora; quanto mais praticamos, mais aprendemos a viver o momento.

Como praticá-lo? Existem muitas maneiras de praticar o Mindfulness, mas tudo se resume a estar no momento. Isso significa perceber sua respiração, caminhar com intenção consciente ou comer com consciência; é tudo sobre desacelerar e abraçar o presente.

Quando nos sentimos neste estado de paz profunda queremos que todos sintam o mesmo e eu encorajo-o a sair da mesmice, enfrentar os desafios de cabeça erguida e ciente que somente você pode fazer o que precisa ser feito para a sua felicidade.

A felicidade é uma escolha. Decida ser feliz. Seja feliz! Seja feliz agora! Comece já! Exercite as dicas que lhe passei!

A vida será mais leve, pode acreditar.