A falta de mão de obra qualificada no setor da construção
A construção civil, um dos maiores motores da economia portuguesa, enfrenta há já vários anos um grande problema: a falta de mão de obra qualificada e dificuldades em atrair novas pessoas. As condições de trabalho nem sempre são atrativas, o que limita a disponibilidade de mão de obra e os trabalhadores disponíveis tendem a ser mais caros. Segundo o INE, em maio de 2024, o custo da mão de obra aumentou 8,5%, mais 0,2% que em abril. Este problema tem um impacto significativo no aumento dos custos de construção, na execução dos prazos das obras e na entrega de casas aos clientes.
Para além deste problema, existem outros obstáculos que impactam a atividade do setor: os atrasos nos licenciamentos; os altos preços dos materiais de construção; falta de mão de obra qualificada, entre outros. Como há uma grande variação nos prazos de licenciamento pelas autarquias, que podem levar meses ou anos para iniciar um projeto, as empresas têm grandes dificuldades para planear os prazos dos seus projetos, o que atrasa e encarece os custos. Isso aumenta o preço final das casas e dificulta a entrada de novas construções no mercado.
A falta de mão de obra é uma realidade que se agrava desde a crise financeira de 2008, o que teve um grande impacto no setor, gerando muitos desempregados. Estes, por sua vez, emigraram em busca de melhores condições de trabalho no setor da construção, enquanto outros encontraram novas oportunidades em outros setores, mas não regressaram à construção.
A falta de mão de obra condiciona a atividade do setor e o mercado em geral, é um problema complexo e em constante evolução. Segundo, a Associação dos Industriais da Construção Civil e Obras Públicas (AICCOPN) identificou um défice de cerca de 80.000 trabalhadores. Também, a Comissão Nacional de Acompanhamento do Plano de Recuperação e Resiliência (CNA-PRR) alertou para as dificuldades de contratação de mão de obra para o setor, podem afetar o cumprimento das metas previstas para o final 1.º primeiro semestre de 2026. Para fazer face ao problema, recomenda-se a celeridade dos processos na concessão de vistos de trabalho e/ou residência para trabalhadores estrangeiros, que são burocráticos e demorados, dificultando a contratação de mão de obra qualificada; garantir a formação e as condições de habitações adequadas para atrair e reter os trabalhadores, entre outros.
Algumas profissões no setor são difíceis de preencher, devido a diversos fatores como a falta de qualificações necessárias para as funções, as condições de trabalho (longas jornadas de trabalho, exposição a condições climáticas adversas e riscos de acidentes) e a imagem do setor pouco atrativa. Entre as profissões mais difíceis de recrutar profissionais qualificados, estão os encarregados de obra com experiência e capacidade de liderança de equipas, cumprimento de prazos e normas de segurança; pedreiros com experiência em executar trabalhos de alvenaria e revestimentos; carpinteiros com habilidades para trabalhos com madeira, construção de estruturas e acabamentos; eletricistas, canalizadores, entre outros. Mas, também outras profissões, como serventes, que apesar de exigir menos qualificação, é bastante difícil contratar jovens; operadores de máquinas para trabalhar com escavadoras e retroescavadoras; técnicos de segurança, para garantirem a segurança no local de trabalho, entre outras.
A JPS GROUP, uma das maiores promotoras imobiliárias em Portugal, que se destaca no setor com mais de 780.000 m2 em projetos, totalizando mais de 2.050 fogos no segmento residencial, está em constante crescimento e em fase de recrutamento, para aumentar as suas equipas. Atualmente, estamos a recrutar para diversas posições, tais como: Diretor de Produção, Encarregado de Obra, Fiscal de Obra, entre outras.
Como consequências da falta de mão obra no setor, além dos impactos significativos, tanto na economia, como na sociedade, ficam por cumprir prazos de execução de obras, o que encarece os custos de construção e dificultam a concretização de projetos. A falta de profissionais qualificados são um obstáculo à inovação e modernização do setor, face aos desafios futuros.
Este problema tem tendência a agravar-se, porque é um setor que tem muita dificuldade em atrair novas pessoas, por falta de formação e até de valorização social. O envelhecimento da população ativa leva à aposentação de muitos profissionais experientes, sem que haja uma renovação suficiente de mão de obra jovem e qualificada.
Para resolver o problema da escassez da mão de obra são necessárias algumas medidas, nomeadamente: a valorização das profissões da construção, mudar a imagem do setor e mostrar que existem oportunidades de carreira promissoras e com um papel crucial no desenvolvimento da economia nacional; é necessário investir em formação profissional inicial e contínua, para qualificar novos trabalhadores e atualizar os conhecimentos dos profissionais já com experiência são fundamentais para atrair e reter talento; a promoção de projetos de construção localmente, também pode ser uma solução para fixar trabalhadores e revitalizar as comunidades locais; incentivos fiscais para as empresas que investem na formação profissional e contratem trabalhadores qualificados; entre outras.
O setor da construção em Portugal está em crescimento, potenciado pela elevada procura de habitação, pelo investimento estrangeiro no mercado imobiliário e em projetos de construção. Mas, também, devido ao grande volume de obras do PRR, na área da habitação, saúde e educação, que exigem empresas e mão de obra qualificada, muito relevante, para a sua execução. Atualmente, tem muita dificuldade em captar recursos, pois a atratividade do setor é baixa. Deve-se apostar na promoção da construção civil como uma profissão de futuro, com boas perspetivas de crescimento e desenvolvimento profissional. A escassez da mão de obra na construção é um problema complexo e que exige uma resposta integrada entre governo, empresas do setor, sindicatos e a sociedade civil, para encontrar soluções e garantir a
sustentabilidade do setor e o acesso à habitação.