Gestão de Recursos Humanos mais verde e sustentável

Num mundo cada vez mais sensibilizado para as questões da sustentabilidade ambiental, o papel de cada um torna-se essencial no dia a dia, especialmente nas organizações e como estas querem ser percecionadas pelos seus líderes, colaboradores, clientes e concorrentes.

A Gestão de Recursos Humanos tem também um papel nesta missão, uma vez que é a partir das empresas e dos valores e práticas que estas promovem, que as pessoas desenvolvem o seu sentido de responsabilidade e iniciativa verde.

Estando em causa a necessidade de alterar certas formas de viver e de trabalhar, surge a aposta na “Green HRM”.

A GRH verde visa a implementação de políticas e práticas sustentáveis nas empresas, cujo objetivo é aumentar a sensibilização para o impacto negativo que a poluição e o consumo de energia podem ter para o meio ambiente e, consequentemente, para o nosso estilo de vida.

Este conceito “verde” surge de forma a estimular a transformação das próprias empresas e da mentalidade dos seus colaboradores, promovendo a temática e desenvolvendo a cultura interna através de práticas mais eficientes em termos de recursos, sensíveis ao ambiente e socialmente responsáveis.

A implementação destas “práticas verdes” poderá ser alcançada através de um bom e intensivo planeamento, investimento e formação.

A transformação do local de trabalho para um espaço mais eficiente ecologicamente poderá ser um dos primeiros passos a dar, visto encontrar-se relacionada com o aumento do nível de satisfação, do comprometimento organizacional e de uma atitude mais positiva por parte dos colaboradores.

Os passos seguintes poderão ser, entre outros, acabar com o tempo desnecessário passado no escritório, adotar horários flexíveis, incorporar medidas relacionadas com o meio ambiente nas tarefas diárias, e também apostar diariamente no reconhecimento e dedicação de cada um e na atribuição de recompensas que, por sua vez, irão incentivá-los a prosseguir com as suas iniciativas ecológicas.

Através de estudos, os investigadores compreenderam que a recompensa mais importante para os colaboradores era a valorização do seu trabalho e empenho que, eventualmente, demonstraria efeitos positivos na eficácia das suas funções e também no comprometimento para com a empresa e as suas novas práticas ecológicas.

Outros investigadores têm também compreendido que uma mistura de recompensas monetárias e não monetárias poderá ser a chave para a promoção da GRH verde e sustentável dentro das empresas.

Será sempre importante incentivá-los à utilização de, por exemplo, outros meios de transporte. Se trabalharem numa grande cidade, o uso de transportes públicos ou bicicletas deverá ser estimulado, uma vez que a redução da poluição dentro das cidades tem sido um dos grandes objetivos de quase todas as capitais europeias.

A Gestão de Recursos Humanos terá, eventualmente, um papel fundamental relativamente à implementação destas novas práticas na cultura organizacional da empresa em que se encontra.

Não bastará conceder a ideia e desejar que esta se realize. Incorporá-la na cultura da organização será sempre um dos pontos principais na “to do list”, complementando-a com incentivos aos colaboradores, formação e promoção do que será implementado a partir desse momento.

Mas quais são as vantagens da GRH verde?

Parte do que será mais relevante para as empresas prende-se na redução de custos e eficiência dos processos através de entrevistas online e/ou por telefone, a utilização descrente de papel, reuniões por videoconferência, redução (e eliminação) do uso do plástico e incentivo e prática da reciclagem.

O recrutamento, seleção e retenção de trabalhadores altamente qualificados deverá ter início com os estudantes universitários, uma vez que são a geração seguinte a entrar no mercado de trabalho e são quem, de momento, se encontra mais sensível e consciente quanto a estas questões.

O usufruto dos benefícios da tecnologia, deixando os métodos convencionais no passado, torna-se essencial tanto em momentos de recrutamento como de seleção, visto ser importante dar a conhecer aos candidatos a razão e os objetivos destes novos métodos e, uma vez recrutados, estes poderão alinhar-se com a cultura organizacional da empresa.

Outro exemplo será a implementação de candidaturas a vagas de emprego de forma mais digital possível (submissão de documentação, vídeos de apresentação e testes online, utilização do e-mail), evitando o desperdício de papel, reduzindo a pegada de carbono e os custos operacionais.

Esta introdução de novas tecnologias nas tarefas diárias, na resolução de problemas e nas atividades de formação poderá levar a uma melhoria na comunicação entre colaboradores e também entre colaboradores e os seus líderes.

Em ocasiões específicas, como casos de teletrabalho e viagens de negócios, o uso de videoconferências simplifica a comunicação, assim como o uso exclusivo de documentos digitais facilita os processos fora do local de trabalho e, posteriormente, no próprio local de trabalho, onde essa medida será adotada eventualmente.

Além disso, a implementação destes novos programas na GRH melhora todo o sistema dentro da empresa, em termos de funcionalidade, seja na marcação de dias de descanso, no registo de faltas e até no reporte do desempenho de cada colaborador – tanto a equipa de RH como os restantes colaboradores sentirão que a componente administrativa se torna mais fácil e eficaz.

A imagem que a empresa transmite no mercado de trabalho e na sociedade em geral é também importante, assim como os benefícios que poderão acrescer após a adoção de medidas ecológicas, que se tornam a sua vantagem competitiva.

O desenvolvimento desta imagem verde da empresa poderá ter início com a redução dos resíduos ambientais (a ideia de utilização máxima com o mínimo de recursos) e ao encontrar novos métodos de fabrico dos seus produtos, que os tornarão mais apelativos a um maior e mais consciente público-alvo. A melhoria dos produtos e serviços dão às empresas uma imagem mais fidedigna, tanto para colaboradores como para clientes.

Existem cada vez mais empresas que alinham a sua visão a práticas e valores mais sustentáveis, pensando nestas como um investimento e não um custo.

Temos o exemplo da McDonald’s que, ao longo do tempo, tem vindo a promover a sua imagem verde e de liderança responsável, tornando esse aspeto uma grande parte da sua marca através de certificações e sistemas de gestão ambiental (executados em todos os seus restaurantes). É também possível fazer uma comparação no símbolo da marca, sendo que nos EUA este é vermelho e em Portugal é verde, apelando à liderança responsável e à sustentabilidade, não significando que no continente americano a marca não defenda os mesmos ideais – apenas demonstra uma atitude diferente dependendo do país onde se encontra (Portugal deve cumprir as regras implementadas e defendidas pela União Europeia).

Poderá também ser importante o estabelecimento de objetivos para cada colaborador e/ou equipa, que os levarão, posteriormente, às recompensas desejadas. Tendo em conta que muitas empresas funcionam à base de objetivos, esses serão a base motivadora para estas novas medidas, assim como os próprios colaboradores serem bem-sucedidos ao longo do tempo.

Outra forma de recompensar os funcionários e promover a sustentabilidade poderá ser através de atividades de teambuilding, que desenvolverão as relações interpessoais entre estes, dando lugar também a momentos de formação, considerados essenciais para qualquer um.