A gestão (individualizada) de pessoas e as necessidades organizacionais
No atual cenário em que todos temos acesso a tudo, em que os sistemas e tecnologias de informação estão disponíveis e são acessíveis a todas as organizações, as pessoas assumem especial destaque, pois são o grande factor de diferenciação.
Nesta perspectiva, explorando uma das problemáticas mais em voga na actual Gestão das Pessoas, a Atração, Retenção e Gestão do Talento torna-se, cada vez mais, preponderante no seio empresarial. Debruçando-me apenas na Retenção e Gestão do Talento, todos concordamos que os colaboradores qualificados e altamente especializados são o ativo mais valioso das organizações, surgindo daí a necessidade de os reter. Será necessária uma mudança de mentalidade (?), de forma a tornar a gestão dos ativos mais flexível, que permita gerir caso a caso, ou seja, terá no futuro de haver flexibilidade organizacional para uma gestão de pessoas quase individual, pois as necessidades são voláteis de indivíduo para indivíduo e nem sempre o que satisfaz um satisfaz o outro. Nesse sentido, é preciso garantir uma estratégia organizacional para motivar, desenvolver e alinhar os talentos com as necessidades da organização, originando uma confiança mutua, que levará a um compromisso organizacional emocional que poderá criar uma paixão organizacional.
Num ambiente cada vez mais global, competitivo e exigente, a Retenção e Gestão do Talento passará por uma maior focalização no factor humano. Haverá, ainda mais, a tendência a apostar em outro tipo de benefícios para além da remuneração, o chamado “salário não remunerado” ou também conhecido por “salário emocional”, flexível e preferencialmente adaptado a cada colaborador. Tem de haver um ajuste das organizações para reduzir ao máximo a saída das pessoas que representam o seu valor acrescentado. Neste aspecto é inegável o contributo dos profissionais de Recursos Humanos, pois estes têm e terão um papel determinante para auxiliarem as organizações a proteger o seu futuro e a liderar o processo de transformação empresarial a partir da perspectiva das pessoas. Como em todos os processos de transformação, quer sejam de gestão de recursos humanos ou não, o sucesso dos mesmos depende sempre de quem os interpreta e acciona. Mais uma vez está aqui sublinhado o factor humano nas organizações, pois não são os processos que fazem o sucesso das pessoas, são as pessoas que trazem sucesso aos processos.
Assim, o grande desafio nesta nova era pós-pandemia, além das estratégias organizacionais na retenção e gestão das pessoas, passará também pela tentativa de conciliação das necessidades organizacionais com as perspectivas e aspirações dos colaboradores, para que exista o mínimo de disrupções e os objectivos de ambos sejam atingidos numa harmoniosa colaboração.