A Globalização e os caminhos da Expatriação

A Globalização

Já não é novidade para ninguém que o cenário econômico internacional mundial tem mudado e que o advento de novas tecnologias adiciona agilidade exponencial a este processo, obrigando todos a dançarem conforme a banda da globalização toca. Com tamanha necessidade de multinacionais se tornarem cada vez mais competitivas em um mercado globalizado, houve também uma mudança na maneira com que o trabalho é executado, bem como times globais são gerenciados.

Para o profissional de Recursos Humanos – que desde sempre teve que trabalhar de maneira dinâmica, ser multitarefa e equilibrar os pratos das prioridades – este tem sido um dos maiores desafios da atualidade em multinacionais. O capital humano e o trabalho tem se movimentado globalmente – muitas vezes sem muito tempo para nenhuma das partes envolvidas se adaptar completamente ou adequadamente -, e com eles a necessidade de elaborar uma estratégia eficaz que permita o atingimento dos objetivos organizacionais pré-estabelecidos.

Adicione a isto a necessidade de estar em compliance com milhares de leis que regulamentam o trabalho em nível global e local; a criação de políticas que estejam de acordo com a cultura organizacional, mas ainda representam as particularidades locais; inclua o entendimento – normalmente, em tempo recorde -, de novas dinâmicas culturais locais, cargos, salários e diferentes benefícios e você terá a receita para o que pode ter se tornado um castelo de cartas.

Enquanto, por um lado, a alta gestão pressiona para que os esforços para ganhar competitividade sejam atingidos e os nossos colaboradores sejam Expatriados e enviados em “missões” para cumprir esses objetivos de maneira eficaz – sempre tendo em conta o custo elevado deste processo e a intenção de obter retorno sobre o investimento – nem sempre isso ocorre de maneira rápida, outras vezes, ainda, tampouco de maneira bem sucedida.

A Expatriação

Por outro lado, há um ser humano – o Expatriado – sendo enviado para outro país, em consideração a sua imensa capacidade técnica, mas desconsiderando-se sua necessidade de suporte, impactos dessa mudança em seu estado emocional e psicológico – algumas vezes com agravante de adaptação para sua família – e período de aculturação. O resultado pode ser um tremendo fiasco e a geração do sentimento de falha e feridas emocionais em um colaborador que precisará de suporte extra na ocasião de seu retorno.

Com muitas das situações de expatriação sendo encerradas antes do previsto – adeus, investimento imenso feito pela empresa! – por que isso ainda tem acontecido?

Além da necessidade de equilibrar todas as demandas existentes no departamento de RH, o processo é conduzido, muitas vezes, por pessoas que não passaram por essa experiência, o tratamento desta situação por parte da empresa como apenas “uma viagem” – Apenas a satisfação profissional de estar indo neste projeto pela empresa deveria ser suficiente para você! Ahh, não? -, e a falta da elaboração de uma Política de Expatriação bem estruturada pode ser uma das maiores falhas neste processo.

Há que se considerar que há barreiras no idioma e diferenças culturais imensas em processos-chave para o sucesso da Expatriação – tais quais, negociações, marketing, relações interpessoais no ambiente de trabalho, comunicação – falada, escrita, gestos e postura, além de infinitas outras.

A comunicação próxima, como parte do suporte oferecido, para avaliar possíveis pedras no meio do caminho da expatriação é um dos principais meios de identificar problemas rapidamente e trabalhar de maneira a mitigá-los.

A chave para o sucesso deste processo depende de todos os seus envolvidos e, principalmente, da pesquisa e preparo específicos para a mudança em questão, avaliando a fundo aspectos culturais que precisam ser adaptados para o ambiente de trabalho. Além disso, o suporte ao profissional expatriado e sua família durante todo o processo é essencial, antes, durante e depois – sim, o depois exige outro processo de adaptação, já que o profissional teve que moldar-se como indivíduo para que pudesse se adaptar aquela realidade. Essa e o processo de Repatriação, mas essa é uma história para outro castelo de cartas.