As redes sociais on-line

A investigação tem vindo a proporcionar evidências de como a nossa vida virtual nas e através das redes sociais afeta a nossa VIDA real! Ter “amigos” nas redes sociais não é sinónimo de relações sociais, nem de suporte social. Será eventualmente um caminho para a individualidade, um atalho para uma interação que em nada se aproxima de uma relação social. Já em 2015, um estudo nacional coordenado pela Prof. Luísa Lima do ISCTE mostrou que ter muitos amigos nas redes sociais não está associado a uma diminuição do sentimento de solidão. Um estudo longitudinal publicado no Journal of Abnormal Psychology em 2019 por Jean M. Tweng e colaboradores revelou um aumento significativo da prevalência de depressão, pensamento e comportamento suicidas e stress em jovens americanos. Uma das principais explicações para este resultado associa-se ao eventual tempo excessivo que os jovens passam nas redes sociais e a ausência de relações sociais. Todavia, não é um assunto restrito ou exclusivamente direcionado para os mais jovens, somos obrigados a reconhecer que o “consumo” das redes sociais é transversal. E associado a este emerge a comparação social, uma experiência muito comum e instintiva, comparar as nossas experiências, sentimentos, as nossas vidas com outras.  Esta comparação pode ter um efeito inspirador e motivacional – quando se vê as realizações ou sucessos de alguém no Facebook, podemos sentir-nos felizes por eles ou até mesmo inspirados – mas também pode ter um efeito negativo, levando a pessoa a questionar: mas porque não é assim para mim? Porque não consigo? A minha vida não é boa! – Pode resultar em situações de mal-estar e depressão.

Em 2020 os investigadores Moira BurkeJustin Cheng, e Bethany de Gant desenvolveram um estudo para perceber os efeitos da comparação social na saúde mental das pessoas. Este estudo permitiu constatar que ver proporcionalmente mais publicações com um elevado número de “Gosto”, passar mais tempo a ver perfis, ver mais conteúdos de pessoas da mesma idade e mais tempo gasto nas redes sociais está associado a maior probabilidade de comparação social. Nesse mesmo estudo verificaram que uma em cada cinco pessoas conseguiu recordar que tinha visto recentemente uma publicação /post que as fez sentirem-se piores sobre si mesmos, e destas metade desejava não ter visto o post, enquanto um terço ficou muito feliz pelo post. Temos aqui o efeito de inspiração, mas também o de frustração.

A comparação social faz parte da vida das pessoas, as redes sociais vieram dar-lhe uma velocidade e amplitude maior, o efeito de instantâneo, para as quais muitas pessoas podem não estar preparadas. Precisamos de sensibilizar e dar ferramentas às pessoas para que possam despertar para a realidade de que a rede social on-line não substitui as relações sociais.