Criar uma comunidade. O papel das empresas no desenvolvimento do talento universitário.

Um dos maiores e mais debatidos desafios na área de Recursos Humanos foca-se na atração e gestão de talento. Este deve ser, sem qualquer dúvida, um dos pontos mais importantes para qualquer empresa que queira ter os melhores colaboradores e garantir que acrescentam valor durante o maior tempo possível.

A verdade é que o percurso dos jovens profissionais mais talentosos começa muito antes de estes entrarem no mercado de trabalho…

Tem início no seu percurso académico e é aí que se começam a destacar, desenvolvendo-se através de organizações universitárias ou estágios de Verão, onde costumam ter um contacto mais próximo com o contexto de uma organização. As empresas já reconheceram esta realidade. Muitas delas, organizam já eventos por diversas faculdades, estão presentes em feiras de emprego e apresentam estágios de verão ou programas de trainees para dar a conhecer a empresa e envolver os estudantes na sua realidade.

Mas não é suficiente. As empresas têm responsabilidade e capacidade de ir mais além. Têm a responsabilidade de utilizar os seus recursos para se tornarem numa plataforma independente de desenvolvimento de talento e de oportunidades a longo prazo que os jovens universitários possam integrar durante 1 ou 2 anos, por exemplo. Criar uma plataforma contínua no tempo, totalmente conciliável com a sua vida académica e que não obrigue os estudantes a assumir um compromisso profissional formal.

E aqui, está uma das maiores oportunidades por explorar quando falamos de desenvolver talento  – criar uma comunidade de jovens universitários que lhes permita aprender, executar projetos, conhecer a empresa, a realidade do setor e fazer networking com a rede de estudantes envolvidos. Criar uma experiência contínua no tempo, mais imersiva e que dê iguais oportunidades a um maior número de jovens universitários para evoluírem e se destacarem. Criar e desenvolver uma comunidade de talento universitário é uma das melhores soluções para um dos maiores desafios de Recursos Humanos.

As empresas têm de fazer um shift na forma como olham para o talento. Têm de começar a colocar o foco no desenvolvimento de estratégias para criar mais talento em vez de desenvolverem estratégias para lutar pelo escasso talento que dizem existir.

E porquê desenvolver uma Comunidade? Tendo já uma estratégia de Employer Branding em ação, presença regulares em eventos e algumas vagas para estágios, parece não fazer sentido o desenvolvimento de uma plataforma que funcione a longo prazo. Mas a verdade é que existem várias vantagens em ter um programa que permita aos jovens universitários aprender e colaborar com uma empresa durante 6 meses a 3 anos, durante o seu percurso académico.

> As empresas passam a co-criar talento em vez de apenas selecioná-lo. 

Com uma comunidade de estudantes, as empresas passam a ter um papel mais pró-ativo no desenvolvimento de talento, durante o percurso académico dos estudantes. Não se focam apenas naqueles que estão a terminar licenciaturas ou mestrados, mas sim em todos os estudantes que se queiram envolver e que têm potencial para crescer. Além disso, tornam-se numa plataforma independente, não necessitando das universidades ou organizações existentes para terem contacto e trabalhar com estudantes.

> As empresas estabelecem uma relação mais forte com um maior número de estudantes.

Não sendo uma experiência tão intensa (como um estágio de verão) mas prolongando-se ao longo do tempo (como alguns programas de trainees), o desenvolvimento de uma comunidade ou programa de embaixadores, permite envolver muito mais jovens e criar uma relação mais forte e duradoura com os mesmos.

 > As empresas têm múltiplos projetos a acontecer de forma contínua com estudantes universitários.

Criar uma comunidade de estudantes, contínua no tempo, permite que vários projetos sejam desenvolvidos a médio-longo prazo e que acrescentem valor tanto aos estudantes como à empresa, que pode fazer uma gestão mais eficiente dos seus recursos. Criar uma comunidade é criar uma fonte de inovação constante, onde os estudantes executam projetos de interesse para a empresa, e ao mesmo aprendem e desenvolvem as suas competências.

> As empresas tornam-se numa referência de atração e desenvolvimento talento

Criar uma comunidade, desenvolver projetos a médio-longo prazo e promover uma experiência contínua e com contacto regular, permite desenvolver maiores níveis de engagement e proporcionar uma experiência mais completa. Aliado a outras estratégias de Employer Branding, o desenvolvimento de uma comunidade é a iniciativa perfeita para as empresas que se querem colocar na linha da frente no desenvolvimento de talento universitário.

Comunidade Forall Phones

Por ter visto tantas empresas a criarem programas de embaixadores ou comunidades que, na prática, pouco acrescentavam aos estudantes universitários, decidi ajudar a desenvolver a Forall Family – a Comunidade de estudantes universitários da Forall Phones. Criar uma plataforma de desenvolvimento universitário que vai para além do trade-off mais básico (brand awareness por ligação a uma empresa para colocar no CV) e que permitiu lançar já uma rede de jovens talento a nível nacional, dando oportunidade a mais de 200 jovens, que estão connosco enquanto forem estudantes universitários e sentirem que estão a acrescentar valor.

Na Forall Phones, temos uma equipa dedicada a gerir a nossa comunidade que procura continuamente criar eventos, desafios e iniciativas que desenvolvam competências e, ao mesmo tempo, acrescentem valor à empresa. E nos últimos 3 anos os resultados falam por si…. desde Shapers (o nome dos nossos embaixadores) que passaram a integrar a empresa, a projetos que acrescentaram valor real à marca ou ao desenvolvimento de hard e soft skills de estudantes que hoje integram empresas de referência em Portugal.

As empresas devem continuar a reforçar as suas estratégias de Employer Branding, a estarem presentes em eventos e a ter estágios de Verão ou programas de trainees. Mas atualmente já não basta atrair e gerir talento. É preciso que as empresas comecem a ter um papel pro-ativo e independente no seu desenvolvimento e que o façam cada vez mais cedo. No futuro, o desafio já não passa por lutar pelo talento que existe mas ajudar a criar mais e melhor talento, durante o percurso académico dos estudantes.