INCLUSÃO NAS EMPRESAS COMEÇA NA AUTO-REFLEXÃO

A diversidade não é mais uma discussão, moda, política. É uma obviedade assim como o fato de que precisamos respirar para viver.

Vivemos em um mundo diverso por natureza com um misto de culturas e valores. A diversidade é inerente ao ser humano, seja pela forma como pensamos, nossas crenças, identidade ou características físicas.

É natural sermos diversos! Mas precisamos falar sobre o tema para que o respeito e inclusão do que é diverso também seja natural.

Muitas empresas já possuem programas de diversidade e por meio de estratégias, cultura organizacional e acordos internos, conseguem diagnosticar a pluralidade de suas pessoas e mudar o cenário interno e composição das equipes, com foco na diversidade.

O desafio maior está na inclusão.

Como ser humano, tendemos a nos aproximar daqueles que são mais parecidos conosco e demonstramos desconfiança daqueles que se mostram plural. Ao compreender e reconhecer esse mecanismo, conseguimos entender melhor nossas decisões e principalmente, nossas atitudes.

Todos somos observadores do mundo e interpretamos as situações com base em nossa história de vida, criação e experiências. Esta observação cria o que chamamos de viés inconsciente, que gera uma imagem da outra pessoa e situações, e na maioria das vezes sem termos informação. É a famosa expressão, a primeira impressão é a que fica. Na verdade, essa primeira impressão, é um julgamento automático, baseado em minhas crenças e experiências e que molda meu julgamento e atitudes.

Imagine uma sala de aula com 30 alunos e o professor ou professora enquanto explica a matéria, bate com a mão na mesa e diz em voz alta: Pessoal, vamos seguir para o próximo tema? Alguns alunos irão imediatamente pensar, que grosseria, outros podem dizer que levaram um susto e até mesmo haverá aqueles que dirão motivados: Vamos! Estas diferentes reações diante de um mesmo estímulo, revela a forma como cada pessoa interpreta o mundo e com isso, seus julgamentos. A primeira impressão será sempre uma experiência diferente para cada pessoa.

E o que tudo isso tem a ver com inclusão e diversidade?

Importante ter consciência que todo ser humano realiza julgamentos, e estes por não terem muita informação, podem se transformar em preconceito. Nosso cérebro demora 1/4 de segundo para julgar se pode confiar em alguém.

Se tenho a consciência de que minha experiência de vida moldou minha observação do mundo e das pessoas, tenho a possibilidade de questionar o que sinto e penso, e de ressignificar meus julgamentos sendo mais inclusivo, por exemplo.

Simpatia é o primeiro estágio de um relacionamento, quanto mais conhecemos o outro, respeitamos mais e diminuímos os julgamentos, nos tornando empáticos. É na empatia que iniciamos a jornada de inclusão da diversidade.

Em nossas empresas temos a missão de apoiar as pessoas, sejam lideres ou não, a auto-reflexão de suas atitudes e no entendimento do viés inconsciente e julgamentos, como base para a construção de uma cultura inclusiva.

Escuto algumas vezes de que devemos convencer os gestores sobre a diversidade e inclusão, pois eles são exemplos para suas equipes. Convencer outra pessoa é uma jornada quase impossível. Acredito na educação e processos de aprendizagem organizacional para esta transformação.

Seremos um diferencial como empresa em relação a inclusão quando conectarmos a naturalidade e obviedade da pluralidade, com a atitude de nossos profissionais apoiado em uma cultura inclusiva, e processos que colaborem para que todos tenham acesso às mesmas oportunidades e respeito, seja na atração de profissionais ou no engajamento de quem já colabora com a empresa. A experiencia dos profissionais será mais positiva a medida que levamos em conta a individualidade de cada pessoa.

Não há uma fórmula mágica e sim muito trabalho por meio do entendimento, esclarecimento, autoaprendizagem e abertura para que cada empresa construa em sua própria realidade, um ambiente saudável e seguro para que as pessoas sejam quem são.

Um excelente desafio para todos e todas!