Mulheres na Tecnologia – o caminho para a diversidade

Historicamente, as mulheres sempre estiveram sub-representadas no setor tecnológico. Ainda que nos últimos anos tenham surgido diversas iniciativas e organizações que têm como propósito encorajar mulheres a seguirem estudos e carreiras tecnológicos, a realidade é que o panorama se tem vindo a manter.

Nos dias que correm, em que é quase impossível equacionar um mundo sem tecnologia, esta é uma área em que a participação das mulheres continua bastante reduzida. Segundo dados do relatório anual da Landing.jobs [2022], em Portugal, a representação feminina no mercado de trabalho tecnológico totaliza apenas 18% dos profissionais.

Muitos ainda são os desafios que enfrentam – ambientes académicos e profissionais pouco diversos, maioritariamente dominados por homens, exposição a várias formas de discriminação, inexistência de modelos femininos e mentores são alguns exemplos.

Nesta altura, em que celebramos o Dia Internacional da Mulher, os debates e conversas sobre a importância da igualdade de direitos e oportunidades das mulheres na sociedade atual, surgem em grande escala. É um fenómenos transversal a todas as áreas, e a Tecnologia não é exceção. Naturalmente que a promoção do debate e a consciencialização sobre esta temática vão ser sempre medidas importantes para promover a igualdade, mas quando analisamos a situação atual concluímos que não têm sido suficientes.

Se realmente queremos caminhar para uma comunidade tecnológica diversa e inclusiva, afinal, o que podemos fazer?

Na minha opinião, é de extrema importância que se passe a apostar em ações mais educativas e menos preventivas. Educarmos os nossos jovens, futuros profissionais do mercado de trabalho, para que entendam desde cedo que não só as mulheres beneficiam de ambientes diversificados.

Deveríamos potenciar, e não limitar, as opções das nossas jovens, mostrando o mundo de possibilidades que é a Tecnologia e clarificando que nenhum dos requisitos necessários para enveredar nesta área se refere a características de género.

É também urgente que mulheres profissionais de áreas tecnológicas se afastem da falta de confiança que a sociedade nos incute, e partilhem publicamente o seu conhecimento e a sua experiência, para que possamos ter tantos exemplos a seguir no feminino, como no masculino.

As empresas deverão consciencializar-se da importância associada à promoção e criação de ambientes inclusivos, não apenas como uma rubrica de responsabilidade social, mas sim como um dos grandes pilares de funcionamento.

Por fim, acredito que seja de extrema importância a participação masculina em iniciativas no âmbito da inclusão de mulheres no setor tecnológico.

Este não é um assunto nem de mulheres, nem para mulheres: é um assunto que deverá ser do interesse de todos os indivíduos que podem ser agentes de mudança deste paradigma – independentemente do seu género.