O estigma do Apoio Psicológico nas organizações
Várias são as organizações que implementaram ou estão a implementar Programas de Apoio ao Colaborador que incluem o Apoio Psicológico.
Sem dúvida que a preocupação com a saúde mental dos colaboradores é crescente, demonstrando a consciencialização das organizações para a correlação entre a saúde mental dos colaboradores e a sua produtividade.
Assistimos a várias empresas, de grande dimensão, a implementarem programas que consistem em Apoio Psicológico individual ou em Grupo acompanhado por workshops que abordam temáticas relacionadas com as relações pessoais e profissionais, emoções, gestão do tempo e do conflito, Inteligência Emocional entre outros.
Verificamos que outras realizam ações isoladas abordando temas dispersos esperando obter resultados significativos dessas ações. Rapidamente verificam que a adesão é baixa e os resultados pouco significativos.
Diz-nos a experiência que para fazer um bolo é preciso fermento e outros ingredientes, todos na medida certa.
Um puzzle só fica acabado e com boa imagem, se todas as peças forem colocadas corretamente.
Quando falamos de um Programa de Apoio ao Colaborador falamos de um puzzle! Cada ação tem a sua função! Têm de estar encadeadas e adaptadas à organização, à sua cultura, aos seus objetivos.
Não é suficiente realizar workshops, reuniões, ações de engagement e disponibilizar apoio psicológico. Tem de existir um plano, um objetivo e uma estratégia. Saber o índice de satisfação dos colaboradores é necessário.
E como está a sua saúde mental? Sentem-se apoiados? Existe algum conflito interno “escondido”? Porque a produtividade está baixa?
O primeiro passo é sem dúvida “APRENDER E CONHECER” a organização, os colaboradores.
Uma das peças do puzzle é o Apoio Psicológico.
O que é o Apoio Psicológico?
O Apoio Psicológico é um espaço do e para o colaborador. Note-se! É um espaço do colaborador, o que lá é dito lá fica!
É um espaço, que pode ser on-line, em que o colaborador busca apoio, ajuda, para a resolução dos assuntos difíceis que enfrenta e que o estão a afetar emocionalmente. Quando o afetam emocionalmente afetam a sua produtividade, a sua estabilização para o trabalho.
Podemos estar perante assuntos do foro pessoal ou profissional. A experiência tem nos mostrado que, na maioria das vezes, os colaboradores recorrem a este apoio para a ultrapassarem questões do foro pessoal que os “distraem” no seu dia a dia, retirando a concentração no dia de trabalho. Sim! Uma parte da nossa baixa produtividade relaciona-se com “problemas” pessoais.
Algumas organizações entenderam esta situação e disponibilizaram este apoio aos seus colaboradores com impacto direto no seu bem estar e da equipa.
O estigma do Apoio Psicológico nas Organizações
Disponibilizar acesso a Apoio Psicológico não é a resposta final para criar um local de trabalho mentalmente saudável. Na verdade, a maioria dos trabalhadores não vai procurar tratamento por medo de vergonha, por medo de repercussões no local de trabalho, independentemente do acesso ao serviço.
Ainda vivemos o estigma de que quem recorre a este apoio é “maluco”. O medo que a chefia saiba, que os Recursos Humanos saibam ou que os colegas comentem é real e, obviamente, retrai a participação.
As organizações têm de garantir que os funcionários têm permissão explícita e implícita para ter tempo para apoiar sua saúde mental.
Os colaboradores sabem que podem bloquear o tempo na sua agenda para uma consulta com o terapeuta? As pessoas vêm o apoio à saúde mental como uma fraqueza ou uma força?
Como implementar o Apoio Psicológico?
É fácil desde que que se sigam alguns passos importantes para o seu sucesso. O envolvimento da equipa é essencial. A comunicação transparente faz a diferença, criando confiança, promovendo a adesão dos colaboradores.
Criar uma cultura que apoie a saúde mental é uma parte essencial do processo. Temos observado que quando uma organização apoia e estimula os seus colaboradores a usufruírem deste apoio os resultados são bastante positivos.
A participação da gestão de topo na comunicação deste apoio, assegurando a confidencialidade, tem nos demonstrado que os resultados obtidos são bastante superiores do que quando este envolvimento é inexistente. É essencial o envolvimento da gestão de topo!
Ser claro sobre a natureza do relacionamento do terapeuta com a empresa pode aliviar alguns medos e promover a participação. Assegurar o sigilo e confidencialidade de cada sessão é essencial para promover a segurança dos colaboradores e consequentemente a sua adesão.
Uma forma de garantir este sigilo é a implementação de canais de comunicação exclusivos entre o terapeuta e o colaborador. Não nos podemos esquecer que o terapeuta tem de seguir o código deontológico, assegurando a confidencialidade do colaborador.
Obter o apoio de uma entidade experiente e conhecedora das dificuldades na implementação será uma ajuda para obter sucesso e adesão ao Apoio Psicológico.