O Futuro do trabalho discorda de Elon Musk
Tesla baniu o trabalho remoto no início deste mês. Elon musk enviou uma mensagem clara a todos os colaboradores: return to the office or get out (fonte bloomberg). Musk aparenta ir contra as tendências do Futuro do Trabalho…
O aumento da longevidade, a forma como trabalhamos, como vivemos, e como interagimos com os outros está a mudar a um ritmo alucinante. Os estudiosos da Quarta Revolução Industrial referem que estamos à beira de uma revolução tecnológica que nos mudará estruturalmente. É neste contexto que surge a necessidade de moldar o futuro do trabalho e das organizações no mundo pós-pandemia.
O termo Futuro do Trabalho é atualmente utilizado na literatura de gestão e liderança. Em termos gerais, discutir e questionar o futuro do trabalho é uma forma de também questionar o futuro da gestão e das organizações. Alimentados por sentimentos distópicos, e mais recentemente pela Great Resignation e escassez de talento e pela aceleração da digitalização, os debates sobre o “Futuro do Trabalho” passaram das empresas até às primeiras páginas da comunicação social e da agenda social. Existe um amplo consenso quanto à necessidade de uma resposta estratégica para mitigar o impacto das mudanças no trabalho. Porém há menos consenso sobre o rumo que as sociedades devem tomar para enfrentar este desafio. Além disso, a incerteza política afetou a crescente desigualdade de rendimentos nos países desenvolvidos e em desenvolvimento.
O trabalho remoto e teletrabalho são temas motor no debate sobre o futuro do trabalho.
Até à pandemia, o teletrabalho e o trabalho remoto tinham sido explorados como formas flexíveis de trabalho com potenciais benefícios para os trabalhadores satisfazerem as necessidades familiares. A pandemia veio acelerar esta tendência e rapidamente se expandiu a todas as organizações. Mas o que se veio a descobrir foi que os trabalhadores remotos ou em teletrabalho parecem dispostos a trabalhar mais horas devido ao entusiasmo pelo trabalho e pela satisfação, o que beneficia a organização, mas tem um impacto negativo no equilíbrio entre a vida profissional e a vida familiar. E em paralelo, as organizações que enfrentam agora desafios no estabelecimento de uma cultura virtual e percetível.
Nem tudo é mau ou dificil! O trabalho remoto tem sido elogiado por uma variedade de razões, desde ajudar a promover a agilidade organizacional até à redução dos custos organizacionais, passando pela melhoria da flexibilidade e da autonomia.
E um dos impulsionadores mais importantes subjacentes ao futuro do trabalho é um elevado nível de flexibilidade e autonomia no trabalho. Que tendo sido experimentados durante a pandemia, é provável que os trabalhadores queiram manter/queiram maior flexibilidade e autonomia.
É importante que as organizações revejam e atualizem as políticas de trabalho misto (presencial e remoto) implementadas nos últimos 12-18 meses. Em muitas organizações estas políticas não são claras e acabam por ser interpretadas e implementadas pelas lideranças em função das suas preferências e vontades, ou por imposição organizacional. É imperativo que a vontade do colaborador seja considerada na definição das novas políticas de trabalho misto – sendo que one size does not fit all. E Musk desafia a lógica ao desconsiderar as vontades dos colaboradores da Tesla. Em 12-24 meses haverão mais dados e informações sobre esta experiência organizacional. Até lá o CEO da Tesla continua a tomar decisões aparentemente estruturais ao comunicar que vai reduzir em 10% o headcount da Tesla (fonte reuters).