O PARADOXO DO TALENTO

A Direção da AIM, a Associação de Interim Management de Portugal e os seus Associados concordaram em elevar o Interim Management à categoria de Ferramenta Estratégica, estando em curso um Plano de Ação que visa o aumento da sua penetração nas Empresas em Portugal, já em 2024 e anos seguintes.

O Interim Management é uma Solução de Gestão que permite às Empresas recorrer aos serviços de um conjunto de Profissionais muito Experientes e Qualificados, que fizeram as suas carreiras em cargos de direção, tendo acumulado na sua trajetória um capital de conhecimentos e “expertise” que poderá ser utilizado de forma imediata, ágil e flexível, independentemente da sua dimensão, setor de atividade ou ciclo de negócios e sem terem que os contratar para a vida.

Estes Gestores, designados como Interim Managers, muitos deles em modo de “segunda carreira”, desempenham a Missão que negociaram com a Administração da Empresa, apenas e só durante o tempo efetivamente necessário à boa execução do Plano de Atividades acordado, com uma duração em média, dependendo da natureza do Desafio, entre 3 e 12 meses, e à consecução dos Objetivos estipulados.

Não se deve confundir o Interim Management com a Consultoria nem com a Contratação Tradicional. O que distingue um Interim Manager de um Consultor é que aquele não se limita ao mero diagnóstico, responsabilizando-se também e em primeiro lugar pela boa execução e implementação da receita para o sucesso, metendo efetivamente as “mãos na massa” e contando com o apoio da Administração e da Equipa residente.

Por outro lado, afasta-se do formato tradicional, porque se baseia num contrato de prestação de serviços, numa perspetiva “all-in”, pagando-se apenas os honorários relativos ao trabalho efetivamente prestado, sem os habituais custos e responsabilidades laborais como seguros, subsídios, formação, eventuais indemnizações, etc.

A Gestão Interina existe como um mercado consolidado com uma Procura e uma Oferta nas principais economias europeias há mais de 50 anos, está em fase de (re)lançamento entre nós e pode assumir diferentes designações: Interim Management em Portugal e nos países anglosaxónicos, Management de Transition em França ou Temporary Management em Itália.

O âmbito das Missões típicas de Interim Management vão desde a mera substituição de Executivos incumbentes por motivos mais ou menos previsíveis até Projetos mais impactantes como Transformação, Revitalização ou “Turnaround” de Empresas.

Na atual conjuntura, em que se multiplicam as queixas sobre a Escassez de Talento, é importante que se saiba que existe uma reserva estratégica, constituída por Profissionais Séniores, qualificados em diversas “expertises”: Financeira, Comercial, Recursos Humanos, Operações, “Supply Chain/Procurement”, Digitalização, Vendas, etc. disponíveis para ajudarem as Empresas que deles necessitam.

O paradoxo radica no facto de, por um lado, haver Necessidades no mercado que poderiam ser satisfeitas por estes Profissionais disponíveis e, por outro lado, constatar-se que as Empresas não conhecem ou não estão ainda recetivas a esta Solução, por diversas razões, que têm que ser desmistificadas ou, em última análise, desconhecem os mecanismos de “matching” para poderem aceder aos mesmos.

Os Diretores de Recursos Humanos têm uma responsabilidade adicional, como Responsáveis máximos pelo Talento nas organizações, em aprofundar os conhecimentos sobre o modus operandi do Interim Management e como poderão ter acesso às diversas “pools” de Profissionais existentes em Portugal, seja através dos Fornecedores de Serviços de Interim Management, seja através da AIM, ou ainda através das Consultoras de Recursos Humanos, que começam já a introduzir esta valência nas respetivas Ofertas.

Nessa tendência, insere-se, por exemplo, a recente aquisição pela “Korn Ferry” da “Patina Solutions”, um Provider de Interim Management dos Estados Unidos, com a intenção de aumentar o âmbito e alcance das suas soluções para gestores executivos.

À medida que o Mercado de Trabalho evolui e se vai adaptando, as Empresas tenderão a olhar com mais atenção e interesse para o Interim Management, um instrumento eficiente de “Talent On-Demand” e chegarão à conclusão que na estratégia atual das Forças de Trabalho cabem colaboradores permanentes, a prazo, a tempo integral, em part-time, Interim Managers, freelancers, etc., tendo em vista a sua otimização bem como as restrições impostas pelas estratégias de “headcount”.

Por alguma razão, o Interim Management é considerado uma das novas formas de trabalho do futuro pelo Eurofound, a Agência da União Europeia para as Condições de Vida e Trabalho.

No panorama do nosso Mercado de Trabalho, um novo protagonista emerge: o “Interim Manager”, que não sendo a receita universal para todas as situações tem inegavelmente um potencial de mitigação de alguns dos problemas existentes ao nível da escassez de Talento Sénior Qualificado, no nosso tecido empresarial.

Está devidamente comprovado o efeito benéfico da passagem dos Interim Managers pelas Empresas, que perdura para além do tempo de duração das Missões em que estiveram envolvidos, com impacto significativo quer nos Processos, quer nas Pessoas, quer nas Equipas.