O que faz o RH ter medo do seu novo papel?

Tive a inspiração para escrever este artigo por algo que percebo com muita frequência, por meio do meu trabalho com tecnologia para o setor de Recursos Humanos: o medo que alguns colegas de gestão de pessoas ainda possuem da tecnologia.

Sabemos que por muitos anos a imagem do Recursos Humanos foi de ser uma área meramente executora, ou seja, “cumpridora de ordens” para adequar o pessoal ao que era prioridade do negócio, o que não é errado no objetivo, mas sim na forma de envolver as pessoas (o ideal é envolver as pessoas nas decisões e não só “manda quem pode e obedece quem tem juízo”).

Até muito recente o modelo ideal de gestão era o de “comando e controle”, onde as ordens vinham de cima para baixo e só deveriam ser cumpridas.

Felizmente a transformação digital que já vinha muito forte em outros setores chegou no Recursos Humanos em meados de 2015, virando fator decisivo após a pandemia do COVID-19 em março de 2020 e que ainda estamos vivendo.

Segundo um estudo feito pela HR Tech Sólides Tecnologia, a maioria dos CEO’s espera que os profissionais de Recursos Humanos assumam “sua cadeira” nas reuniões de diretoria.

Mas aí eu faço a seguinte indagação!

Como assumir esse papel estratégico, que já era seu, e vencer a “Síndrome do Impostor” da maioria dos profissionais de RH do modelo tradicional dentro de uma reunião de planejamento estratégico?

Para responder isto, irei usar como fonte esse estudo citado acima:

Pensamento analítico e inovação

“Os CEO’s desejam contar com profissionais de RH com capacidade de desenvolver uma linha de raciocínio inovadora. 

Nesse sentido, eles devem conseguir solucionar diferentes situações decompondo um problema em partes menores, de forma analítica. 

No RH do futuro não há espaço para velhas técnicas ou crenças limitantes. Agora, será necessário ousar, pensar fora da caixa, ir além.

Esse perfil é o mais desejado para a gestão de pessoas. 

Ainda, o profissional da área deve antever resultados e compreender o que as lideranças esperam, além de atender demandas pontuais. 

Em resumo, o trabalho da gestão de pessoas deve ser muito mais estratégico e digital.” 

Ainda com base neste estudo, apontamos alguns desafios que precisam ser vencidos o quanto antes para que o RH tradicional se torne estratégico de verdade:

Adequação do RH às transformações digitais

“O RH se tornou protagonista nas empresas e a tecnologia virou protagonista do RH. Portanto, está mais difícil desvincular essas áreas.

Atualmente, grande parte dos processos do setor é digital — análise de perfil comportamental, recrutamento e seleção, monitoramento de produtividade, entre outros. 

Nesse sentido, o profissional de Recursos Humanos deve se preparar para atuar em um departamento tecnológico. 

Os líderes esperam que esse profissional consiga lidar com as novas ferramentas e tirar o máximo proveito estratégico delas.

Assim, o gestor de RH deve identificar e saber usar ferramentas digitais para qualificar os processos do setor.”

Com base neste estudo e também na vivencia prática que tive no “chão de fábrica” em treinamento operacional, posso afirmar com propriedade que tirar a imagem do “RH abraçador de árvores” para transmitir uma imagem de parceiro do negócio é um trabalho árduo e contínuo, mas fundamental para a quebra deste paradigma. Na maioria das empresas, sobretudo nas pequenas e médias, o profissional de RH ainda é visto como executor e, na melhor das hipóteses, como tático.

Acredito que a razão dessa resistência de alguns colegas de RH frente à tecnologia é mais por questão cultural mesmo, culpa em parte por nós mesmos, que por muito tempo tivemos resistência em assumir nossa cadeira tanto na reunião estratégica quanto na reunião de projetos de inovação. E sabe o motivo disso? Na maioria das vezes por não ter assunto em comum mesmo.

Imagina você ir numa festa de cantores sertanejos sendo que sua preferência musical é MPB, por exemplo. Você até vai gostar das pessoas, do ambiente, mas não terá assunto em comum porque não faz a menor ideia do estão falando.

Meu intuito neste artigo não é apontar culpados e sim solução.

A dica principal que deixo para concluir é que todos os envolvidos precisam entender que a organização é uma só e que se ela não der lucro, todos estarão ameaçados.

Se você é CEO ou dirigente do negócio, aproxime o seu RH das decisões estratégicas e dos assuntos envolvendo tecnologia e também incentive a troca entre os profissionais de TI com os gestores de pessoas. Quando um entende o lado do outro, as soluções são pensadas em conjunto.

Agora se você que está lendo este artigo é meu colega de RH, entenda que nosso papel nunca foi tão crucial para a sobrevivência dos negócios. Assuma o seu lugar na reunião estratégica, mas leve dados por meio de indicadores, use a tecnologia como sua aliada, pois ela é meio e não fim. A decisão final sempre será humana.

Vamos mostrar na prática que são as pessoas que trazem os resultados, topa?