O valor das coisas

VALOR:
substantivo masculino
medida variável de importância que se atribui a um objeto ou serviço, que, embora condicione o seu preço monetário, freq. não lhe é idêntico.

Estamos vivendo um tempo novo, desconhecido e imprevisível. Não sabemos quando nem como a pandemia vai terminar. Só sabemos que um dia isso tudo vai, sim, passar.

Imagino que quando nossas vidas retornem para o “novo normal” muita coisa tenha mudado. Principalmente as coisas que a gente dá valor.

O quanto vamos estar dispostos a pagar por uma diária de hotel, uma viagem, uma bolsa? Será que depois de termos ficado tanto tempo sem consumir, o que voltaremos a comprar, com que frequência, e – mais importante – por qual valor?

Antes da pandemia, todos tínhamos nossos hábitos de consumo de produtos e serviços. Ele foi brutalmente interrompido. Mas esse intervalo nos deu tempo para uma valiosa reflexão – o que de fato realmente nós precisamos para viver. O que de fato nos faz feliz.

Na minha opinião, as coisas “caras” deixarão de ter importância se não vierem com muito valor agregado, proporcionarem uma real experiência e trouxerem muita satisfação. Um sapato nunca mais será apenas um sapato. Eu preciso mesmo dele agora? Quem está vendendo esse produto? Para quem vai esse dinheiro?

E também as coisas sem preço, mas de muito valor, ganharão cada vez mais espaço nas nossas vidas. Será que no futuro seremos capazes de abrir mão de dias de férias para ficar trabalhando? Deixar de viajar com a família para ficar em casa sem fazer nada? Não andar de bicicleta na rua, com preguiça de sair do sofá? Perder aquele lançamento no cinema, por que logo está na TV? Não ir visitar um parente, porque está chovendo?

Será que aceitaremos empregos que nos pagam muito bem, mas consomem todo nosso tempo, saúde e energia? Ou vamos preferir um equilíbrio maior entre nosso trabalho e nossa vida pessoal?

Assim como teremos uma forte mudança nos nossos hábitos pessoais, também acredito que teremos um forte impacto no mundo de trabalho. As empresas terão que oferecer  mais compatibilidade, mais flexibilidade, mais tempo livre. O que funcionava como incentivo no passado talvez não funcione no futuro. Planos complexos e longos de remuneração e retenção talvez percam apelo. As pessoas vão buscar estabilidade, recompensa e felicidade, gratificação, reconhecimento. Rápido. Não para amanhã. Não para daqui 5 anos.

Trabalhar de casa vai ser sim, uma tendência irreversível. Mas o contato humano, de verdade, nas empresas também vai ser mais cobrado. Não apenas estar no mesmo ambiente de trabalho, mas compartilhar de planos e objetivos juntos.

Porque se tem uma coisa que essa pandemia nos ensinou é que no fim do dia somos todos iguais. E humanos.