Priorizar o Bem-Estar: O Papel das Organizações na Prevenção do Burnout

Nos dias que correm, as preocupações individuais e comuns enquanto indivíduos e sociedade não se depreendem apenas pelos típicos assuntos que ao longo de muitos anos tem sido debate constante entre família, amigos e colegas. Umas das temáticas mais fundamentais nos dias que correm têm sido as doenças mentais, que estão tão presentes no nosso dia-a-dia.

A mudança de paradigma em tantas vertentes da nossa vida aquando do surgimento de algo tão desconhecido como a pandemia da COVID19, trouxe o alerta que tanto precisamos para que a nossa atenção e recursos fossem também dedicados à temática das doenças mentais e da mesma forma que surgem a público cada vez mais casos que nos deixam atentos para qualquer sinal de alarme. A partilha de conhecimento e histórias individuais têm ajudado na sua prevenção.

Como parte de uma qualquer organização, devemos manifestar-nos então para que esta prevenção e apoio esteja disponibilizada na comunidade laboral à qual cada um de nós pertence, e em particular, como alguém cujo objeto de estudo tem sido durante os últimos seis anos a psicologia (nomeadamente a psicologia organizacional) tenho a sorte de poder trabalhar num local onde a minha saúde mental – nomeadamente associada ao trabalho – é uma prioridade.

A verdade é que o Burnout tem sido alvo de estudo científico na área da psicologia há já bastante tempo, no entanto parece um assunto de conhecimento geral relativamente recente. Não porque as pessoas não o sentissem, mas simplesmente porque era um tabu, pela falta de atribuição de um nome concreto e principalmente pela desvalorização atribuída a esta, bem como a tantas outras doenças mentais.

O que muita gente desconhece, incluindo as organizações como um todo muitas vezes, é que a problemática não afeta apenas o colaborador que sente o Burnout, mas que pode ser algo que se propaga por toda a organização e que acarretará outros problemas associados. O investimento deve então começar na prevenção, através de medidas que permitam aos profissionais estarem num ambiente de trabalho seguro, onde a sua vida profissional e pessoal está interligada, mas não se funde num só.

Adicionalmente, o acompanhamento psicológico deve ser incentivado pela organização, e a mesma deve ser uma fonte de conhecimento sobre o Burnout, os seus sinais e sintomas, e deve ainda ser um local de quebra de tabus.

Ninguém é menos capaz que ninguém por causa se sente esgotado e é relevante que as organizações compreendo e estudem cada caso, não só com o propósito de melhorarem, mas primeiramente como forma de autoavaliação sobre os seus valores, sobre a sua cultura e sobre o ambiente que proporcionam internamente.

As empresas devem, de facto, ser uma referência no que toca à preocupação com o equilíbrio entre a vida pessoal e profissional de cada colaborador, com o apoio que oferecem e o cuidado individual que tem com cada caso e situação, para além da cultura e valores indiscutivelmente favoráveis à prevenção do Burnout.