Quem Marca Quem? “Mestre me dê uma luz!”

A propósito da minha primeira conversa nesta nova temporada da rúbrica “Empresas que Marcam” aqui no comunicaRH, com a minha amiga Carla Belo (vídeo), Responsável pelos RH do Grupo Boticário em Portugal, que nos trouxe uma visão apaixonada e poderosa de como uma liderança orientada para as Pessoas nas empresas garante melhores e mais sustentáveis resultados, surgiu-me de novo uma profunda reflexão sobre o papel que os lideres e as lideranças desempenham como protagonistas no alinhamento entre as Pessoas e o Negócio das suas organizações.

Um dos maiores desafios das Lideranças nos atuais contextos do tal (novo) Mundo BANI é o de encontrar novas respostas para os velhos problemas, respostas eficazes para os novos desafios e, em forte alinhamento e envolvimento (o célebre engagement) com as suas equipas, antecipar respostas para desafios que ainda ninguém sabe quais serão…

Tenho para mim, e os atuais contextos apenas reforçaram essa ideia, que Isto só será possivel se o líderes souberem criar, desenvolver e mobilizar à sua volta colaboradores que pensem de forma diferente deles próprios, até porque a velha visão (vá lá… vamos chamar-lhe “clássica”…) de que os lideres, ao abrigo do “chavão” Cultura Organizacional, acabavam por alimentar ao longo dos tempos a reprodução de pensamentos e formas de agir de acordo com a tal cultura vigente o que, no fundo, não era mais do que a simples reprodução das suas próprias formas de pensar e de responder perante os vários desafios.

Estimular, pois, a Diversidade Cognitiva nas empresas é o segredo para se poder enfrentar este mundo Frágil, Ansioso, Não Linear e Incompreensível – o tal mundo BANI em que estamos “metidos”!

O atrevimento de procurar e incentivar a diferença de pensamento nas organizações é, porventura, um dos maiores desafios dos líderes de todos os tempos… Corajoso agregar à sua volta pessoas que tragam e acrescentem com o tal “pensamento diverso”, mas muito mais corajoso e arrojado será permitir e fomentar que esse pensamento diverso esteja mesmo na base de todas as decisões estratégicas do próprio negócio.

Vivemos definitivamente na Era do Employee Experience! Proporcionar excelentes experiências e vivências aos colaboradores, ainda antes do seu primeiro dia na empresa até bem depois da sua saída da empresa, é hoje um ENORME desafio para as empresas e para as suas lideranças. Assim, criar vinculos poderosos e trabalhar o engagement precoce dos colaboradores em torno do Propósito da empresa e como manter uma relação de continuo “encantamento ou atração” dos colaboradores, mesmo após a sua saida da empresa, é “o” tema destes novos tempos. 

A Carla Belo trouxe-nos um excelente exemplo disso mesmo! E, o mais interessante em torno desta dialética entre os papeis das pessoas e das empresas no sucesso do negócio, reside no facto de, no final do dia, não conseguirmos perceber muito bem (afinal) se são as PESSOAS QUE MARCAM AS EMPRESAS, dado que nestes contextos atuais altamente desafiadores podem agregar valor diretamente através do seu profundo envolvimento e contributo com uma ideia diferente para o negócio e, desta forma, marcam pela diferença as próprias empresas onde se sentem vinculados, engajados e profundamente envolvidos… Ou, se pelo contrário, são as EMPRESAS QUE MARCAM AS PESSOAS dado que, face aos  contextos e processos estimuladores deste pensamento diverso e da forma como os seus líderes, estando mais interessados em estimular as suas pessoas a contribuírem efetivamente para o sucesso do negócio, de forma direta e sem barreiras de pensamento diverso, marcam as Pessoas pelas provas de confiança, pelo sentimento de pertença efetivo e pelo sentido real de propósito.

Parece mesmo a velha história do “ovo e da galinha” sobre quem nasceu primeiro…

Mas, permitam-me desde já em “spoiler”… parece muito mais, conforme recordou o meu amigo Edney Vieira, numa destas conversas poderosas que transmitiremos daqui a algumas semanas, aquela história bem famosa da publicidade (propaganda) clássica dos anos 80 no Brasil dos “biscoitos Tostines”, na qual um simpático personagem de banda desenhada perguntava a um ser superior (a quem se dirigia como mestre): “Mestre, o biscoito Tostine vende mais porque está sempre mais fresquinho, ou ele está sempre fresquinho porque vende mais?? Mestre, me dê uma luz…”

Nos próximos episódios do “Empresas que Marcam” vou continuar à procura de saber sobre, afinal, “quem marca quem”… O tempo (qual Mestre) vai certamente iluminar-nos sobre o tema.