Saúde mental nas organizações e o RH com isso?

Transformação digital, pandemia, novas formas de comercializar produtos, inteligência artificial, novos estilos de vida e novo normal.

E o ambiente de trabalho? Nunca se viu tanta transformação em tão pouco tempo. Vida profissional e pessoal se integraram e com ela o impacto de seus efeitos colaterais nas pessoas.

A ideia de proporcionar uma experiência integrada deve fazer parte dos novos dilemas da gestão de pessoas. As empresas precisam considerar em seus programas ações voltadas para saúde física e psicológica, suporte ao equilíbrio vida e trabalho, bem como considerar a demanda por flexibilidade.

A pandemia trouxe à tona a vulnerabilidade e escancarou o que já se falava, mas que ainda era um tabu: saúde mental pode ser, sim, discutida no ambiente de trabalho. O home office intensificou o cansaço, o estresse e a ansiedade, o que levou as empresas a terem que lidar com o tema. Esse espaço na agenda não deve ser algo pontual e passageiro, mas parte da estratégia no pós-pandemia.

A Diversidade e a Inclusão ganharam força e se tornam parte da estrutura das organizações. O assunto, por muito tempo visto como discurso de RH, ganhou lugar na estratégia como vantagem competitiva. Uma cultura que respeita e valoriza a diversidade, além de proporcionar o ambiente aberto que permita as pessoas se expressarem, farão parte da rotina das empresas.

A conexão direta da inclusão ao ambiente psicologicamente saudável reforça ainda mais a relevância da saúde mental no ambiente de trabalho. O tabu foi quebrado e a discussão deixou de ser preocupação exclusiva da área Médica e, sim, urgência a ser endereçada até como estratégia de engajamento.

E a área de Recursos Humanos com tudo isso? Ela precisará liderar o processo de conscientização da organização e do “call to action”.

É papel de RH ser embaixador e tornar o tema parte da agenda estratégica da organização. Fomentar a discussão, trazer dados e informações que mostrem a relevância e prioridade. O RH precisa discutir a necessidade de investimentos e engajar a alta liderança em prol de um ambiente saudável.

A estruturação ou fortalecimento da área de gestão de saúde são fundamentais para a condução efetiva da saúde mental. Oferecer canais de atendimento para suporte emocional e a disponibilização de profissionais de psicologia e/ou serviço social estão entre as prioridades.

Pode parecer difícil ou complexo, mas muito se pode fazer para criar um ambiente capaz de lidar com questões emocionais.

Estabelecer ações de suporte e preparação a liderança pode ser o caminho por onde começar.

A liderança precisa ser preparada para lidar com situações cada vez mais frequentes de membros de seu time, os abordando com questões pessoais, como estresse ou até pedidos de licenças médica.

Estabelecer rodas de conversa mediadas pelo RH e/ou profissionais especializados que ofereçam aos gestores espaço para expressarem seus sentimentos, troca de experiências, dificuldades e aprendizado coletivo. A liderança mais fortalecida e preparada consegue humanizar e oferecer espaço de fala para que as pessoas tragam suas demandas e se sintam à vontade para compartilhar temas pessoais.

O respeito às individualidades reforça a segurança psicológica e assim um ambiente mais saudável e produtivo.

Falar do tema na empresa ajuda a minimizar a insegurança e normalizar a discussão. Iniciar reuniões com pequenos exercícios de respiração, alongamento ou meditação podem sinalizar a relevância do equilíbrio para o ambiente. O líder ter agendas individuais com frequência ajudam a manter o termômetro e calibrar a necessidade de ações e apoio se necessário.

O RH pode estabelecer parcerias e realizar workshops com conteúdos de saúde e cuidados, prevenção de doenças, exercícios físicos e alongamento online e até mesmo grupos de meditação. Além de palestras ou bate papos com profissionais especializados na educação dos filhos e também no controle na gestão da ansiedade e estresse.

Campanhas de estímulo ao balanço de vida e trabalho é chave no processo. Estabelecer respeito à premissa de horário núcleo, pausa para almoço e descanso, como também respeito ao descanso após expediente. Definir ao menos um dia na semana sem agendamento de reunião pode ajudar na organização e maior concentração dos funcionários.

Muitas são as alternativas e ações que podem ser implementadas. Com foco, coragem e um pouco de criatividade muito se pode fazer para construir um ambiente de trabalho saudável que contribua para satisfação das pessoas e geração de resultados.


Parceira de Conteúdo responsável pelo artigo: Alessandra Azevedo Ferreira