Verifique por favor a conexão à sua NETworking!

Este poderia muito bem ser um alerta que qualquer um de nós receberia por SMS ou por e-mail e nos faria parar tudo o que estávamos a fazer para garantir que estamos ligados à rede, pois bem, hoje o meu alerta é para a importância de ter uma boa conexão à sua rede, de contactos.

Em estilo de ressalva, com toda a certeza que as competências técnicas são cruciais para o sucesso profissional de qualquer pessoa, mas a reflexão que vos trago é sobre algo mais comportamental. Acredito que a social networking que vamos construindo ao longo da vida e a nossa Pegada Emocional são, talvez, os maiores fatores críticos de sucesso da nossa carreira profissional.

Calçar o sapato do outro

Quantas vezes ouvimos a expressão “o colega de hoje é o cliente de amanhã”? Eu sempre tive esta afirmação em consideração, em todas as dimensões e fases da minha vida, e sinto que sempre me ajudou a perceber que as pessoas são muito mais do que o papel ou papéis que ocupam naquele momento.

Acredito que devemos tratar todas as pessoas com quem nos vamos cruzando de forma empática, respeitadora e inclusiva, independentemente da relação de poder que se verifique no momento da interação. A vida ensina-nos que as coisas mudam, que os papéis se invertem com facilidade e quanto mais nós conseguirmos ser empáticos, coerentes, justos, cordiais e honestos com os outros, maior e melhor será o impacto e importância que teremos na vida de quem nos rodeia.

Sinto que a maioria das pessoas teima em continuar a achar que existem duas vidas, a pessoal e a profissional, algo que há muito tempo refiro como sendo um erro de interpretação. Na verdade, mais do que procurar um equilíbrio entre vida pessoal e profissional, cada vez mais, considero que devemos procurar alcançar uma integração entre estes dois polos, que fazem parte do mesmo mundo, a “Vida” (escreverei em breve mais sobre isto). Esta integração refletese igualmente nas relações sociais que vamos estabelecendo e que se vão confundindo entre o tal mundo profissional e pessoal (que na verdade é um só).

O jogo das cadeiras

Se eu como líder, trato as pessoas com respeito e dignidade e consigo demonstrar o meu valor profissional e pessoal, mesmo que um dia aquela pessoa rume para outras paragens, é essa a imagem que vai levar de mim, é dessa forma que muito provavelmente me vai retratar perante os outros. Esses outros, poderão ser no futuro meus potenciais clientes, candidatos, fornecedores, pares, líderes, liderados, amigos, etc.

Eu não posso tratar os meus clientes muito bem e tratar as minhas equipas muito mal, isso fará com que o meu cliente perceba que eu apenas o trato bem pelo papel/função que ele ocupa atualmente e que se um dia ele deixar esse papel/função, o mais provável é eu mudar a minha atitude, pois a relação de poder alterou-se. Ou seja, eu não posso apenas tratar bem os outros quando a minha relação de poder é desfavorável.

Ser líder é assumir uma responsabilidade superior, que começa na forma como tratamos os outros. Como líder devemos ser sempre uma referência, um exemplo, e a forma como tratamos os outros vai certamente ser replicada à nossa volta. Comportamento gera comportamento.

Se queremos de facto conhecer uma pessoa, devemos analisar a forma como trata as pessoas com quem tem uma relação de poder de “vantagem”. A forma como um cliente trata o empregado de mesa que o está a servir, é eventualmente uma boa forma de percebermos se aquela pessoa está a saber gerir convenientemente as suas relações sociais. Vejamos, este mesmo cliente, pode muito bem, duas horas depois de sair do restaurante, ver o seu papel invertido e ter o empregado de mesa que o serviu a entrar na sua loja para comprar alguma coisa. Como é que ele o vai tratar nesse momento? Será exatamente da mesma maneira? Quais as consequências se o fizer? E se não o fizer?

Infelizmente, a vida não é feita apenas de sucessos e todos nós alguma vez precisamos ou iremos precisar de segundas oportunidades, e normalmente quem semeou relações de confiança, terá à sua espera alguém que lhe vai abrir uma porta. Se por outro lado, e como nos dizem os nossos antepassados, semeou vento, colherá certamente tempestades.

Social Networking e a Pegada Emocional

Quando se fala em networking, muita gente viaja automaticamente para a expressão “cunha”. Mas a verdade é que networking é muito mais do que nos relacionarmos com alguém por interesse, isso é apenas uma pequena parte que muitas vezes faz parte do jogo.

Acredito que a nossa social networking, é algo que vamos consciente ou inconscientemente construindo ao longo da nossa vinda, e tem acima de tudo a ver com a nossa “pegada emocional”, que se traduz na forma como a nossa maneira de ser influencia as pessoas que nos rodeiam, e que marca deixamos nessas pessoas. Essa marca, passará a ser também a nossa marca pessoal (Personal Brand), algo que como sabem tem enorme impacto no nosso sucesso.

Quando percebemos o quão frágil somos e a interdependência que existe (principalmente num país pequeno como Portugal), certamente ficamos mais sensíveis e atentos a estes aspetos. Este foco nas pessoas e nas relações interpessoais, faz com que queiramos sempre ser melhores e faz-nos trabalhar constantemente as nossas competências comportamentais, que são cada vez mais preponderantes no nosso sucesso profissional, para além do óbvio impacto que têm na nossa vida pessoal e nas relações que mantemos.

A chave-mestra das Carreiras

Em estilo de conclusão, este artigo tem como principal objetivo servir de reflexão e alertar para a importância de levarmos muito a sério a forma como nos relacionamos com os outros, e incentivar para a consciência de que cuidando das outras pessoas estaremos também a cuidar de nós. Quanto mais positivos formos e mais relações fortes, de confiança e duradouras conseguirmos construir e manter, mais perto estaremos de ter uma vida (pessoal e profissional) bem-sucedida.

A forma como somos lembrados pelos outros e como nos lembramos dos outros é extremamente relevante, traduzindo-se a meu ver na chave-mestra das Carreiras, sendo aquela que habitualmente nos permite abrir mais portas e com com maior facilidade.

Quantas vezes vocês já foram contratados porque alguém vos recomendou a outra pessoa? Ou quantas vezes vocês já recomendaram pessoas a outras pessoas? Ou recomendaram restaurantes e outros serviços pela forma como foram tratados?

É disto que se trata, da forma como tratamos e somos tratados e o impacto exponencial que isso tem nos resultados de tudo o que acontece a seguir.

Como líder, trato as minhas pessoas exatamente da forma como trato os meus pares, os meus líderes e os meus clientes, sempre o fiz e julgo que sempre o farei. E sabem porquê? Porque eu sou muito mais que a função que ocupo. Hoje sou eu o líder mas amanhã posso ser eu o liderado e quero também eu, ser tratado com o mesmo respeito, independentemente do papel que esteja a assumir naquele momento! E vocês, já pensaram sobre isto?