É preciso parar a liderança abusiva

A liderança é um tema já amplamente falado, mas há um tipo de liderança, ao que parece ser, comum que não tem recebido tanta atenção, a liderança abusiva (ou também conhecida como supervisão abusiva).

Um estudo realizado no longínquo ano de 2006 encontrou que 13,6% dos trabalhadores americanos são alvo de comportamentos abusivos por parte dos seus líderes (Schat, Frone & Kelloway, 2006). Desde então o número de estudos nesta área tem aumentado com o grande apoio do psicólogo ‪Bennett Tepper.

O que é a liderança abusiva?

A importância da liderança é sabida pela capacidade que esta tem de influenciar pessoas na procura de alcançar objetivos, bem como o impacto que tem na vida das mesmas. No entanto, nem todos são bons líderes e isso pode, e traz, consequências indesejadas. Mas como podemos descrever e identificar o que é uma liderança abusiva?

Podemos defini-la como a perceção de cada pessoa sobre em que medida os supervisores exibem, de forma sistemática, comportamentos, verbais e não verbais, hostis, excluindo o contacto físico (Tepper, 2000).

Desta forma conseguimos perceber que a definição dum líder abusivo pode depender do olhar de cada pessoa, pois cada um tem a sua tolerância e pode interpretar diversas atitudes de diferentes formas, mas é fácil identificar alguns comportamentos abusivos como: intimidação, ameaças de despedimento, fazer contacto visual agressivo, “tratamento do silêncio” ou humilhação e ridicularização em frente a terceiros. Independentemente do nosso grau de tolerância é fácil perceber que isto não é aceitável nem é forma de tratar as pessoas.

As consequências da liderança abusiva não são positivas.

O que esperar destes comportamentos? Nada de bom como é óbvio. Olhando para o plano da saúde mental podemos esperar maiores níveis de stress, depressão, exaustão emocional. Também a autoimagem da pessoa pode ser afetada levando a que esta comece a desvalorizar-se.

Com isto, a importante performance (para as organizações) das pessoas é afetada. Uma pessoa com maior desgaste emocional não vai conseguir trazer os mesmos resultados do que uma pessoa que encontra no seu ambiente de trabalho todo apoio e suporte para o desempenho da sua função. Com o tempo as pessoas vão aumentando a sua intenção de sair e aumentam a rotatividade e instabilidade da organização.

É preciso parar a liderança abusiva.

Somo seres sociais e tendemos a organizar-nos em grupo. As organizações estão orientadas para o trabalho em equipa, e estas são um elemento chave para o sucesso das organizações. Quando a coesão e apoio dentro duma equipa são elevados existem alguns benefícios para os membros. A nível emocional permite a partilha e compreensão da dor, facilita a ajuda na realização das tarefas, por exemplo dividindo os excessos, permite a partilha de informação valiosa e essencial e ajuda na procura de dar um novo sentido ou interpretação a uma determinada situação-problema.

Obviamente que nem sempre as coisas são assim e nem sempre as pessoas se entendem numa equipa, mas perante uma liderança abusiva os colaboradores podem ver na equipa uma fonte de suporte.

Sendo a liderança abusiva um alvo a abater é preciso olhar para o que pode diminuir este impacto. Alguns estudos demonstram que o efeito do suporte de equipa pode ser um bom aliado pelas características que falamos acima.

Uma equipa unida permite que colaboradores partilhem a dor, reduzam a ansiedade e consigam autoavaliar-se através da comparação com os outros. Isto demonstra que no local de trabalho existem pessoas confiáveis e preocupadas com o meu bem-estar.

Além disso, o facto de poder contar com estas pessoas para ajudar com o trabalho permite o desenvolvimento de competências e assim aumenta a capacidade de lidarmos com desafios cada vez mais complexos (por exemplo a dita liderança abusiva).

Notas finais

Um (ou mais) líder abusivo na organização é muito difícil de substituir, pelo cargo e poder associado. Quando não há solução, porque a primeira tentativa devia mudar os comportamentos agressivos do líder, podemos procurar minimizar o seu impacto trabalhando a coesão das equipas.

No entanto, a liderança abusiva é uma realidade em muitas organizações e não devia de todo ser permitida. Relembro que há uma grande diferença entre um líder que está a passar por um período difícil (divórcios, perda dum familiar, grandes momentos de stress) e momentaneamente pode exibir comportamentos mais hostis do que um líder que é constantemente hostil. É importante estarmos todos atentos e unir forças para evitar a liderança abusiva.