Entrevista a Felipe Barreiro, VP & GM da Align Technology Latam – desafios de um líder.

A Comunicarh entrevistou Felipe Barreiro, líder da Align Technology Latam, para falar sobre os desafios de um líder e sua agenda, o impacto da diversidade nas organizações e a liderança inclusiva. Quisemos saber também a sua experiência profissional e seu papel na Align Technology.
Felipe Barreiro tem 20 anos de experiência no setor de saúde, assumir a VP & GM da Align na América Latina em março de 2023. Ocupou diversos cargos de liderança, atuando nos últimos anos na Medtronic, Smith & Nephew, Johnson & Johnson, Novartis e Citibank.

A Align Technology atua no mercado há 25 anos e é líder global em dispositivos médicos que projeta,foi pioneira no mercado de alinhadores transparentes e continua inovando em novos produtos e tecnologias que revolucionam os tratamentos para médicos e pacientes. “Transformar sorrisos e mudar vidas”

1.Conte-nos sobre sua experiência profissional e seu papel na Align Technology.

Sempre fui atraído por resolver problemas, entender cenários e desafios complexos. Me graduei como engenheiro da computação e nesse sentido, minha formação acadêmica me ajudou bastante, principalmente no início da minha carreira.

À medida que fui progredindo e adquirindo novas experiências, as habilidades voltadas para pessoas foram se mostrando cada vez mais importantes. Me considero uma pessoa sociável e extrovertida, confortável para falar em público e com facilidade para me relacionar de modo geral. Mas cedo percebi que essas características não são tudo quando falamos de engajar pessoas.

Então me comprometi a adotar uma postura contínua de estudar e me desenvolver em aspectos que não eram simplesmente técnicos, para ser um profissional e um líder melhor. Esses aprendizados me levaram a oportunidades em diversas funções e setores, e depois de alguns anos trabalhando no segmento de finanças, conheci o setor de saúde e tecnologia, onde me encontrei. Hoje já são mais de 15 anos nessa área, passando por inúmeras funções de marketing, vendas e comerciais, incluindo experiências internacionais na França, Espanha, Chile e Estados Unidos.

No início deste ano, comecei como Vice-presidente e General Manager Latam na Align Technology, líder global em dispositivos médicos que projeta, fabrica e vende o sistema Invisalign® de alinhadores transparentes, os scanners intraorais iTero™ e o software exocad™ CAD/CAM para ortodontia digital e odontologia restauradora, fornecendo uma solução completa para os doutores.

Embora a área de medtech não seja novidade para mim, a indústria odontológica digital é. Estou aprendendo muito em nossa missão de apoiar os profissionais da área a transformar sorrisos e mudar vidas. Em mais de 25 anos, a Align já ajudou doutores em todo mundo a tratar mais de 15,1 milhões de pacientes com o Sistema Invisalign, incluindo 4,1 milhões de adolescentes, e tenho orgulho de fazer parte desse time na América Latina.

2.Qual a importância da diversidade nas organizações e como ser um líder inclusivo?

Diversidade é fundamental para a construção de uma organização sólida e saudável, incluindo aspectos como representação de gênero, etnia, formação acadêmica, experiência e histórico profissional. Como líder, é importante definir um ambiente no qual a diversidade seja representada em todas as camadas da organização. Afinal, quanto mais espelharmos os diferentes aspectos da sociedade que atendemos, mais robustas e inclusivas serão as soluções que ofereceremos aos nossos clientes.

3.A liderança é feita de muitos desafios. Você pode mencionar um?

Sempre procuro assumir uma postura de eterno aluno – aprendendo e observando não só com os processos e dinâmicas de negócios, mas principalmente com as equipes e as interações no ambiente de trabalho.

Pessoas são o centro de tudo. Pessoas inspiradas – que se sentem reconhecidas, ouvidas e incluídas – são as que fazem a maior diferença nos negócios e no dia a dia. Um dos desafios mais empolgantes da liderança é engajar e inspirar equipes no nível mais profundo, proporcionando um ambiente de trabalho que promova colaboração, aprendizado e parceria.

Quando conseguimos inspirar pessoas a terem esse mesmo efeito inspirador em outras, então o processo se multiplica e se torna ainda mais gratificante não só para a organização, mas para o desenvolvimento profissional de cada indivíduo.

3.Cite uma característica de liderança importante em um ambiente de trabalho remoto

Há duas coisas que se destacam para mim: presença e empatia. Em um ambiente remoto, líderes precisam fazer mais para garantir que estejam visíveis e acessíveis para suas equipes. E esta não pode ser uma conversa unilateral. Gestores precisam estimular o diálogo, além de considerar como suas mensagens serão recebidas pelas equipes – é essencial se colocar no lugar do outro. A distância pode dificultar uma conexão verdadeira com as pessoas, e quanto mais formos acessíveis e exercitarmos a escuta ativa, mais fácil será promover um ambiente produtivo. Ambientes de trabalho híbridos que combinam trabalho remoto e de escritório oferecem o melhor dos dois mundos.

4.Como saber qual o momento certo para promover alguém?

Pessoas estão prontas para serem promovidas quando estão claramente entregando no próximo nível. Acredito em fornecer a funcionários talentosos e promissores objetivos claros e atribuições que lhes deem a oportunidade de mostrar do que são capazes. Quando alguém está cumprindo seus objetivos atuais, sendo ágil e pensando no futuro, trazendo novas ideias para a mesa, executando essas ideias e demonstrando liderança – todos esses são indicadores de que pode ser o momento certo para promover essa pessoa.

Gostaria de enfatizar também que habilidades de liderança são necessárias em todos os níveis da organização. Minha expectativa é que as pessoas em uma organização atuem como líderes, no sentido mais amplo da palavra. Líderes assumem a responsabilidade por si mesmos, dão direção e pensam estrategicamente, independentemente de serem colaboradores individuais ou de ocuparem uma função gerencial.

5.Qual a agenda ideal de um líder?

É imprescindível encontrar equilíbrio entre a conexão com as demandas internas e as necessidades de nossos clientes. O trabalho interno sempre será abundante. É importante passar tempo no campo, em contato com clientes, fornecedores e parceiros de negócios, para que as decisões que tomamos internamente reflitam verdadeiramente as necessidades dos clientes.

6.Qual o maior erro de um líder?

Acredito que a pior coisa que líderes podem fazer é se isolar e perder contato com as diferentes camadas da organização e com os clientes. Seja por ego ou medo, muitos líderes deixam de fazer perguntas e interagir com suas equipes e clientes. Líderes responsáveis entendem o poder de fazer as perguntas certas e envolver outras pessoas na tomada de decisões. Essa abordagem é o oposto de fraqueza, e define o tom de uma cultura em que as pessoas são apreciadas e reconhecidas por suas contribuições, resultando em uma tomada de decisão melhor e mais informada.

7.Para ser líder, nascemos líder ou a liderança pode ser aprendida?

Para mim é um pouco das duas coisas. Há pessoas que nascem claramente com uma aptidão para a liderança, e você pode ver isso desde muito cedo – na escola, na música, nos esportes. Mas todos nós temos capacidade de liderança. Como qualquer outra coisa, quanto mais você pratica, melhor você fica. Acredito que líderes devem ser curiosos e ter fome de conhecimento ao longo da vida. Buscar feedback e informações, tanto de maneira formal, acadêmica, quanto de maneira menos convencional. A vida nos ensina o tempo todo sobre liderança.

Meu conselho é começar pelo autoconhecimento, entender seu conjunto de habilidades e lacunas atuais e, em seguida, procurar oportunidades, aprimorar os pontos fortes e fechar essas lacunas. Outro hábito que me ajuda é entender o modo de pensar e tomar decisões de pessoas que são exemplos em liderança. Tenho sempre em mente um conjunto de líderes que servem de referência para determinados comportamentos em que preciso melhorar.