FUEL TV adota semana de 4 dias

Canal português especializado em desportos de ação opta por aumentar a liberdade com um olho produtividade.

“Let my people go surfing” (tradução livre: “Deixem a minha gente surfar”) é a frase que serve de título a um muito elogiado livro sobre práticas sustentáveis de gestão financeira, escrito por Yvon Chouynard, fundador da Patagonia, uma das mais bem-sucedidas marcas de roupas e equipamentos no campo das chamadas atividades outdoor, com especial foco nos desportos de montanha e de ondas.

Não por acaso, as montanhas e as ondas também constituem dois cenários muito comuns na programação do FUEL TV, o canal internacional especializado em desportos de ação sedeado em Alfragide, que a partir do presente mês de Maio junta-se às empresas portuguesas dispostas adotar a semana de quatro dias para trabalhadores e colaboradores.

Desenvolvido pelo Instituto do Emprego e Formação Profissional, o programa piloto da semana de quatro dias foi anunciado em março deste ano, mas ainda são poucas as empresas portuguesas a aderirem a um modelo considerado arrojado extemporâneo no presente panorama económico do país.

Mas segundo Fernando Figueiredo, CEO do FUEL TV “trata-se de uma decisão motivada pela confiança que temos na produtividade dos nossos colaboradores”, explica. “No seguimento da pandemia, e dos consequentes regimes de confinamento de homeworking que fomos obrigados a adotar, ficámos com uma ideia muito clara sobre o material humano que tínhamos na empresa. Isso permitiu-nos, após alguns ajustes, reunir um grupo de pessoas que transmite muita segurança quanto ao seu empenho e disponibilidade para abraçarem o projeto FUEL TV, tal como o visualizamos.”

Regressando a Chouynard, o hoje reformado e milionário empresário considerava que os índices de produtividade e motivação dos trabalhadores da Patagonia aumentavam na proporção do tempo que tinham livre para praticarem os seus desportos de eleição, com destaque para o surf, ou não estivesse aquela empresa sediada na Califórnia. “Não é garantido que todos os nossos colaboradores irão passar o seu dia de folga na praia”, brinca Fernando. “Até porque nem todos no FUEL TV são surfistas — também há skaters e bikers — mas temos a certeza de que o dia de folga extra se irá refletir na boa disposição de todos e, logo, na eficiência da empresa”, considera o CEO, ele próprio um convicto adepto das bicicletas.

A mudança para a semana de quatro dias no FUEL TV vem acompanhada de outros ajustes que irão ajudar a mitigar eventuais quebras de rendimento. Os dias úteis passarão contabilizar oito horas e meia de trabalho, sendo que o horário de entrada passa a ser às 8 da manhã e o de saída às 17:30. O esquema do dia de folga extra também foi pensado para evitar as quebras muito prolongadas no ritmo de trabalho, evitando por isso as segundas e sextas-feiras. Assim, parte dos trabalhadores irão folgar às quartas-feiras e outros tantos às quintas-feiras, em sistema de rotatividade.

“Sabemos que é uma medida arrojada, mesmo para uma empresa acostumada a lidar com desportos de alto risco e com apurado sentido de aventura, como os que tratamos aqui no FUEL TV”, reconhece Fernando. “Trata-se de um teste piloto e, daqui a uns meses, se concluirmos que não funciona, poderemos regressar aos nossos horários habituais. No entanto, entre os gestores da empresa, estamos todos confiantes de que irá resultar. Dispor de um dia extra, seja para praticarem os seus desportos, ou simplesmente para descansarem na companhia das suas famílias, e podendo ainda sair mais cedo nos dias de trabalho para usufruir dos longos fins de tarde do verão, representa imenso na vida das pessoas e, uma vez incorporada a rotina, dificilmente se quererá voltar ao sistema anterior. Nossos colaboradores sabem que a manutenção deste modelo só depende deles, daí confiar plenamente no seu zelo para tal”, afiança.

Assim, já a partir de Maio, toda a gente do FUEL TV estará mais livre para ir surfar. Ou skatar, ou pedalar, ou relaxar… desde que isso se traduza num trabalho mais feliz e, claro está, produtivo.