Liderança e Cooperativismo

  • Aproveitamos a passagem do Nivaldo Oliveira, CEO da Sicoob Cocre, por Portugal para falarmos sobre liderança e cooperativismo, uma vez que que a nível de cooperativa de crédito ele soma credibilidade e sucessos. Quanto a liderança, ele é reconhecido pela excelência na liderança, sendo um líder assertivo e humano e comprometido com o desenvolvimento, apoio, motivação e bem estar dos seus colaboradores.

Fale um pouco sobre a Cocre

A Cocre é uma cooperativa de crédito do Sistema de Cooperativas de Crédito do Brasil – Sicoob, com mais de 50 anos de história. Além do agronegócio, a instituição oferece soluções financeiras para os setores de comércio, serviços e indústria, além de pessoas físicas, disponibilizando aos cooperados todos os serviços e produtos do sistema bancário nacional e com a fiscalização do Banco Central.

Está presente em 16 municípios, atendendo a cerca de 50 cidades do entorno de Piracicaba. Hoje nossa estrutura conta com 20 agências no total, além do Espaço de Negócios e a Unidade Administrativa, que ficam em Piracicaba.

A Cocre alcançou recentemente a marca de R$ 1 bilhão em ativos, que é o conjunto de recursos financeiros e econômicos administrados pela instituição. E ultrapassou também a marca dos 20 mil cooperados, que são, com certeza, a nossa maior riqueza e força propulsora!

Hoje a Cocre está, pelo terceiro ano consecutivo, entre as melhores empresas para se trabalhar no país, resultado certificado pelo ranking GPTW (Great Place to Work), do Instituto For All, relativo a pesquisas e análises de clima realizadas no início deste ano com os funcionários da cooperativa.

Essa é a Cocre, uma cooperativa sólida, que garante aos seus cooperados uma vasta vantagem competitiva em relação às outras empresas privadas do setor financeiro, do mesmo modo se responsabiliza pela promoção do desenvolvimento econômico e social da comunidade a qual pertence ao longo de seus mais de 50 anos de existência.

Quais os pilares de uma boa liderança?

Talvez mais do que gerar resultados, a principal função de um líder de sucesso seja desaparecer. Acredito que um líder bom é um líder que não é visto, que consegue fazer sua equipe trabalhar não pelo seu sucesso pessoal, mas pelo êxito do time e da instituição. Um líder capaz de criar times autogerenciáveis que têm o mesmo poropósito e buscam atingir os objetivos juntos.

Particularmente, eu acredito que os resultados acontecem por meio desse posicionamento da liderança. A partir desse fundamento, uma boa liderança é fundamentada sobre os pilares do caráter, da competência, dos objetivos, da capacidade em se relacionar com as pessoas e da habilidade para lidar com as pressões e as mudanças bruscas.

Como você enxerga o papel da liderança em um mundo com tantas transformações?

Acredito que é justamente nesse momento de transformações que a capacidade de lidar com pressões e as mudanças repentinas torna-se tão importante para quem exerce um cargo de liderança. O mundo está em constante transformação, assim como as pessoas, então um líder precisa estar preparado para se manter firme em meio a esse turbilhão.

E o papel da liderança nesse mar de transformações é o de manter a firmeza, a tranquilidade, os pés no chão, mesmo quando as ondas são bravas. Um bom líder é aquele que, como um capitão de um navio, consegue manter sua tripulação calma, focada e ativa mesmo em meio a uma grande tempestade.

O líder de hoje precisa entender de tudo ou ser um grande gestor de pessoas?

Um bom líder precisa saber as funções das áreas da sua empresa, dos indicadores que levam a empresa para um novo patamar e do mercado inserido, mas ele precisa principalmente ser um grande gestor de pessoas. Se ele conhecer sobre tudo mas não for hábil em seus relacionamentos interpessoais, ele estará fadado ao fracasso.

A gestão de pessoas é uma das grandes responsabilidades de um líder. Além de ter que lidar com o gerenciamento das diversas tarefas, projetos e responsabilidades, os profissionais que ocupam cargos de liderança também precisam saber cuidar das suas equipes e lidar com os obstáculos que esse posicionamento envolve.

Afinal, a gestão de pessoas é o principal foco do líder, já que ele gerencia times feitos de pessoas. Claro que é fundamental ter a base de conhecimento da área em que atua, mas esse conhecimento precisa andar junto com o conhecimento em pessoas. O líder deve sempre indicar o caminho do sucesso, alavancar as motivações da sua equipe e sempre estar disposto a ajudar as pessoas.

Sobre o cooperativismo, como ele tem crescido no Brasil?

O Banco Central divulgou recentemente que as cooperativas de crédito têm crescido mais que as demais instituições financeiras, como os bancos tradicionais. Esse cenário, com toda certeza, deve garantir um lugar de destaque ao cooperativismo junto ao SFN (Sistema Financeiro Nacional).

A carteira de crédito das cooperativas atingiu R$228,7 bilhões, um aumento acumulado de 134,6% entre 2016 e 2020 e equivalente a 5,1% da carteira de crédito do SFN. Cinco anos atrás, este valor era de R$ 95 bilhões, ou 2,74% do SFN. Agora, a perspectiva é que esse crescimento se mantenha até 2023.

O ativo ajustado do sistema de cooperativismo também cresceu nesse período, passando de R$174,3 bilhões em dezembro de 2016 para R$371,8 bilhões em dezembro de 2020.

Ainda segundo o Banco Central, no fim de 2020, eram 847 cooperativas singulares de crédito operando no Brasil, das quais 222 são independentes e 625 são filiadas a cooperativas centrais, como o Sicoob. O sistema de cooperativismo tinha 11,9 milhões de associados na época – 9,4% mais que em 2019 e 42,1% mais que em 2016.

Enfim, esses são alguns números que mostram todo o potencial de crescimento do sistema cooperativo financeiro no Brasil.

O que podemos esperar do cooperativismo para os próximos anos?

Em suma, o que se pode esperar do cooperativismo financeiro para os próximos anos é empenho, parceria e colaboração para a retomada da economia das famílias, das empresas e do país.

Com este objetivo, as cooperativas de crédito se consolidam como uma das maiores aliadas da retomada econômica após a crise econômica gerada pela pandemia do Covid-19, pois elas acabam atendendo a boa parte da demanda represada por crédito. Pelo menos é o que mostra o relatório “O impacto da pandemia de Coronavírus nos Pequenos Negócios”, produzido pela FGV (Fundação Getúlio Vargas).

Segundo o estudo, 86% dos empresários que foram atrás de crédito não conseguiram ou ainda estavam aguardando resposta. Do total de empresários que buscaram crédito, 26% tiveram sucesso ao buscar apoio em cooperativas financeiras, valor muito superior que em outros bancos, onde a média foi de 10%.

Ou seja, esse cenário coloca as cooperativas de crédito no caminho da volta por cima da economia, já que essa retomada deve ser baseada principalmente no emprego, no crédito e na consolidação fiscal, conforme documento publicado pela Secretaria de Política Econômica do governo federal.

Por essas e outras, até mesmo o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, reconheceu e destacou recentemente a importância do cooperativismo financeiro durante o período da pandemia e para a retomada econômica do país.

Então, é isso que podemos esperar do cooperativismo para os próximos anos. Uma participação ainda maior na vida das pessoas, das empresas e do país, com cooperação e na união de forças, para juntos conseguirmos colocar o país nos trilhos e tornar essa nação pulsante outra vez.

Qual o papel do cooperativismo no desenvolvimento da comunidade?

O cooperativismo é um modelo alternativo, tanto economicamente quanto socialmente. Por si só, apenas a proposta de reunir pessoas para cooperarem entre si visando benefícios comuns a todos já demonstra o diferencial do modelo.

Mas o mais importante é que os negócios cooperativos não favorecem apenas seus associados diretos. As cooperativas colaboram para a geração de empregos, para a inclusão social e econômica, para uma melhor distribuição de renda e também para o desenvolvimento socioeconômico das comunidades onde estão inseridas.

Uma cooperativa não funciona como uma empresa capitalista, que apenas quer retirar o dinheiro do local onde estão inseridas. Em uma cooperativa todos são donos, associados ao negócio. Portanto, a gestão é democrática e as decisões são votadas entre todos, sendo que todos os cooperados têm igual poder de voto, independente de suas posições. Só esse posicionamento já contribui para minimizar as desigualdades sociais e econômicas.

Além disso, entre os princípios do cooperativismo, estão o estímulo à Educação, Formação e Informação, bem como o Interesse pelo bem comum. Por tudo isso, o modelo de cooperativismo financeiro é tido como um dos mais importantes para o desenvolvimento social e econômico das comunidades das quais faz parte.