O impacto da transformação digital na gestão de recursos humanos – áreas de destaque em 2021

O contexto a que as organizações estiveram expostas devido à pandemia teve um impacto significativo ao nível da sua transformação digital. Apesar desta realidade ser transversal a toda a organização, é inegável que a área de recursos humanos nunca teria assistido a um processo de transformação digital tão significativo, em tão curto espaço de tempo. Pode referir-se que atingimos um ponto sem retorno e que, indubitavelmente, as organizações serão cada vez mais tecnológicas enquanto aspeto fundamental à colaboração.

A transição abrupta a que todos assistimos relativamente à adaptação do trabalho presencial ao teletrabalho, tornou as plataformas digitais uma das ferramentas mais relevantes nas organizações. Pode mesmo referir-se que foi, e continua a ser, vital ao desempenho das organizações de todo o mundo. O recurso a estas plataformas irá consolidar-se como ferramentas essenciais à colaboração e ao desempenho de funções de colaboradores e equipas.

Contudo, a transformação digital incidiu também sobre diferentes áreas inerentes à gestão de recursos humanos, dado que, houve e continuará a haver uma necessidade de adaptação a esta nova realidade à forma como os colaboradores assimilam a sua experiência na organização.

A transformação digital no Recrutamento e Seleção

O recrutamento e seleção foi uma das áreas onde o impacto da transformação digital foi mais expressivo, por ser uma das áreas cujos processos permitem beneficiar da sua automatização. Algumas das ferramentas a que as organizações têm recorrido apoiam-se na inteligência artificial, no big data, nos chatbots, na automatização robótica dos processos, na realidade virtual ou na realidade aumentada.

Inteligência artificial

A aquisição de talento tem na inteligência artificial a possibilidade de tornar mais eficiente o seu processo de ofertas de emprego, permitindo uma sofisticação em diversos aspetos, como é o caso da apresentação das ofertas a candidatos específicos, com base na análise de palavras chave. A própria construção da linguagem descritiva da oferta é otimizada, no sentido em que a tecnologia permite identificar textos similares, propondo alterações alinhadas com os anúncios com mais visualizações e com melhores taxas de conversão.

O caso do Linkedin, por exemplo, para além de realizar uma análise de palavras chave, tem por base algoritmos que localizam candidatos com perfis alinhados com a vaga, identificando se estão disponíveis ou recetivos a um novo desafio profissional. Esta informação e análise tem impacto na eficiência do processo, permitindo centrar o foco em candidatos efetivos.

Esta otimização também se verifica ao nível dos processos de seleção, onde a inteligência artificial analisa os curriculums por forma a reconhecer os melhores candidatos para a função em aberto.

Big Data

Também o recurso ao big data tem contribuído para suportar uma melhor tomada de decisão, através da classificação dos candidatos em função da sua adequação à vaga, nomeadamente com a análise dos anos de experiência, qualificações académicas ou até a mobilidade. Os big data têm representado benefícios significativos, ao proporcionar uma base de dados com informações relevantes tanto para a organização como ao nível da gestão de pessoas, como por exemplo as competências dos colaboradores e as suas preferências de carreira, entre outros.

Chatbots

Outra ferramenta tecnológica que tem ganho destaque têm sido os Chatbots, que primeiramente foram adaptados à realidade dos departamentos de Marketing, mas recentemente têm sido potencializados nos processos de R&S. Esta ferramenta, permite aos candidatos realizar uma pesquisa que os conduz às vagas que correspondem aos seus interesses. Alguns chatbots estão inclusivamente desenhados para efetuar testes técnicos ou de personalidade, por forma a realizarem a etapa de pré-seleção.

A implementação de tecnologia proporciona uma maior eficiência tanto para os colaboradores como para as organizações, na medida em que reduz etapas repetitivas e excessivamente administrativas. Desta forma, as funções serão tendencialmente centradas na criação de valor que cada colaborador traz à organização. A automatização de processos inerentes ao recrutamento e seleção foi adotado por 85% das organizações Top Employers em todo o mundo.

Realidade Virtual e Aumentada

Apesar de que a realidade virtual e aumentada seja ainda pouco utilizada nas âmbito dos recursos humanos, será certamente uma tendência no futuro. A capacidade diferenciadora das organizações reside na sua capacidade de inovar e isso depende da forma como recorre à tecnologia nas diferentes áreas organizacionais.

Estas ferramentas têm a potencialidade de contribuir para a inovação de processos, mas também de criar novos ambientes onde através da realidade virtual os candidatos experienciam realidades e desafios da vida real na organização, permitindo uma melhor perspetiva do comportamento, atitudes e decisões dos candidatos. O recurso a esta tecnologia proporciona também ao candidato experienciar virtualmente aspetos importantes inerentes à cultura da organização.

A forma como os colaboradores experienciam o seu percurso profissional dentro da organização é uma das principais prioridades na gestão de pessoas, procurando proporcionar ao colaborador uma vinculação emocional ou afetiva à organização. Esta vinculação é comumente chamada de engagement ou commitment, que os estudos científicos fundamentam estar positivamente relacionado com melhores performances profissionais, com comportamentos positivos na organização, entre outros benefícios.

Muitas das organizações Top Employers de todo o mundo têm utilizado as plataformas digitais para o preboarding dos colaboradores, procurando não só adaptar-se à realidade atual, mas também proporcionar ao candidato uma experiência positiva e diferenciadora. Esta medida procura estimular o vinculo à organização ainda antes do colaborador desempenhar funções, numa etapa onde o colaborador obtém informações acerca da sua experiência futura na organização.

As tendências revelam que, nos próximos anos se intensificará o recurso à tecnologia para a integração de colaboradores, como o recurso a eventos virtuais, jogos virtuais, gamificação dos processos, redes sociais internas, plataformas virtuais de onboarding ou scape rooms. Com base neste conjunto de opções, muitas das organizações Top Employers planearam e elaboraram um mapa com diferentes etapas, por forma a proporcionar ao colaborador uma experiencia única, desde a fase de recrutamento até á fase em que sai da organização.

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