O que é que as empresas têm a ver com o futebol?

Numa altura em que Portugal vive intensamente a agenda futebolística, com um campeonato ao rubro, a taça nas suas meias finais e ainda as competições europeias a fazerem o furor dos adeptos, dou por mim a pensar na semelhança do futebol com o mundo corporativo.

A primeira semelhança vem da definição dos objetivos e das estratégias do ano ou do triénio. Sabemos que as grandes equipas nacionais estabelecem como objectivo a obtenção do 1º lugar nas três principais competições, assim como chegar aos oitavos ou quartos de final da competição europeia, caso seja o caso. Contudo, um clube mais pequeno, sabe que o seu objectivo pode passar por permanecer na Divisão em que se encontra. Destes objectivos resultam os resultados financeiros, as contratações e a definição de toda a operação, bem como o desenvolvimento da estratégia para atingir esses resultados.

De igual forma se passa com as empresas. No início do ano são desenvolvidos os objectivos e estratégias para esse ano, ou o plano estratégico para os próximos anos, com a definição dos resultados a atingir em termos de quota de mercado, vendas, margem e EBITDA, em paralelo com os Planos de Acção para atingir esses objetivos: os produtos ou serviços a lançar, as aquisições a efetuar, os investimentos em marketing ou equipamentos, a política de sourcing, a equipa a contratar ou os skills a melhorar.

Mas, as semelhanças entre as empresas e o futebol não se reduzem apenas às decisões estratégicas referidas anteriormente. Com efeito, verificamos a existência de analogias entre a estrutura corporativa e a gestão futebolística. Se por um lado o presidente define e aprova os investimentos e iniciativas do clube, é da responsabilidade do treinador e da sua equipa técnica a definição e a operacionalização da estratégia para cada prova ou jogo, tal e qual o Director Geral e a sua Equipa Directiva definem a abordagem e os planos por departamento.

Quando faço o onboarding de novos membros gosto de lhes apresentar a metáfora de como a empresa funciona como uma autêntica equipa de futebol, onde apesar de não sermos exactamente 11 em campo, o fraco desempenho de um elemento ou de um departamento poderá implicar o insucesso e colocar em risco a vitória no “campeonato”.

Começo sempre por apresentar o marketing como o “meio campo”, por entender que é a este departamento que atribuída a função de ir construindo o jogo, leia-se desenvolver os novos produtos, campanhas e as ativações de marca que permitirão ao departamento de trade marketing e vendas, quais avançados e pontas-de-lança, marcar os golos, ou seja, alcançar os objectivos de vendas da forma mais eficaz e menos perdulária para a concorrência. Mais atrás no campo, está a defesa, que é como quem diz os departamentos Financeiro e Logistico, que defendem o “jogo”, procurando a melhor eficiência e distribuição do negócio, a resolução das questões operacionais, sem as quais o “jogo” não será ganho.

Efectivamente as vendas podem marcar muitos golos, mas se o defesa “Accounts Receivable” não fizer o seu trabalho, o resultado final será hipotecado.

Os recursos humanos encontram-se, normalmente, no banco, junto do Director Geral, a analisar e estrutura da equipa e a garantir que esta se encontra devidamente preparada e organizada, a avaliar o desempenho, os níveis de motivação e a perspectivar a necessidade de novas contratações.

E, tal como no futebol, também as equipas corporativas têm as “vedetas” e “líderes de balneário”. Os primeiros são muitas vezes tecnicamente geniais, mas não ganham os jogos sozinhos e os segundos são fontes de conhecimento e autênticos pilares da empresa, muitas vezes negligenciados do seu real valor.

Os adeptos e sócios, que é como que diz, os clientes e consumidores, lá estarão nas “bancadas”, a avaliar a performance destas equipas, comprando ou depreciando os produtos e serviços ou comentando a nova “ideia de jogo” de uma determinada marca. A estes cabe a decisão final, de continuar a apoiar a equipa…ou apresentar-lhes o cartão vermelho!

Uma coisa é certa, e tal como no futebol, para ganhar os jogos, taças e campeonatos, a estratégia e táctica do jogo tem de ser bem definida pelo treinador e toda a estrutura técnica, mas em campo, a equipa tem de estar bem organizada e entrosada, ser ágil, lutadora e eficaz. Na sua sua real essência: ser uma autêntica Equipa!