Onde os líderes erram?

Líderes erram! E erram a todo momento, pelos mais simples motivos — para não dizer bobos. O primeiro erro se dá justamente por subestimar detalhes. Erram por criar uma hierarquia de importâncias do que deve ou não ser feito de acordo com opiniões, gostos, pressões e experiências próprias. Erram ao achar que sabem o que o outro precisa e acabam se preocupando mais com números do que com mensagens. Erram, muitas vezes, ao achar que são a mesma coisa.

Líderes erram, principalmente, por achar que são líderes e que serão seguidos simplesmente pelo cargo que ocupam. Erram ao pensar que sabem de tudo e que têm o controle sobre tudo que acontece ao seu redor. Erram ao impor e, diante do silêncio, acharem que foram respeitados. Erram ao não perceber que foram ignorados. Erram (e se iludem) ao pensar que seus colaboradores estão 100% do tempo focados no trabalho que lhes foi passado. Assim, cometem mais um erro justamente porque se colocam num pedestal de superioridade e passam a chamar seres humanos de “meus colaboradores”, como se possuíssem alguém. Assim, erram ao achar que comandam, mas são só enganados. Ninguém fala e ele acha que têm a unanimidade das opiniões. Erram…

Líderes erram ao dedicar mais tempo olhando para as planilhas, tentando decifrá-las, que investindo tempo conversando, conhecendo e entendendo verdadeiramente as pessoas que fazem a planilha e os resultados que a compõem. Erram ao pensar que, se conversou hoje, já fez o seu papel de ouvir e, agora, pode se dedicar às suas tarefas e metas prioritárias. Mais uma vez, erra ao categorizar e hierarquizar coisas no topo de sua pirâmide de importâncias e não pessoas. Erram ao pensar que relações são construídas em um dia, esquecendo-se que elas precisam ser cuidadas rotineiramente. E que são as relações que mandam no resultado do dia a dia. E assim, erram ao achar que a motivação virá do docinho na mesa, do “tapinha nas costas”, e dos gritos de incentivo, não do exemplo nas mínimas coisas, da ética, dos valores, das promessas que precisam, sempre, ser cumpridas.

Erram ao não demonstrar fraquezas para as pessoas sob a justificativa de que um líder precisa ser forte e invencível. E erram ao achar que serão. Ao insistir nessa ideia, erram outra vez, porque acreditam que assim são julgados pela equipe, sendo que, o máximo que conseguem é serem vistos como algo à parte do ambiente, com buchichos e avisos quando entram na sala.

Líderes erram, sobretudo, por se sentirem líderes em vez de deixarem que as pessoas os façam como tal. Erram ao se entregarem à tentação de chegar a um lugar e todos serem obrigados a falar “bom dia”, a levantar e dar atenção. Erram ao quererem que as pessoas os tratem bem e sejam aquilo que elas não são, afinal, elas moldarão suas atitudes porque eles chegaram no ambiente, não porque estão motivadas ou foram transformadas com os conselhos de seu gestor.

Erram também quando pensam que não são líderes quando ninguém liga para eles e, aqui, erram por se sentirem inseguros, não se conhecerem, viverem de agrados e para satisfazer o próprio ego e autoestima. Erram ao ter chegado numa posição que é feita para cuidar de pessoas sem sequer saber cuidar de si. Erram ao estarem numa posição que deve servir para ajudar pessoas a descobrirem o seu propósito quando não sabem sequer o seu. Erram ao quererem ser servidos, ao invés de servir. E então erram por não se conhecerem, não saber onde podem chegar e, por isso, entregam-se ao medo, insegurança e controle. 

Erram, atrapalham e não cumprem o papel.

Líderes erram por não verem as suas posições como propósito de vida, por acreditarem mais no poder do que na missão que exercem. Sobretudo, erram porque são seres humanos e, como qualquer um, trarão consigo medos, incertezas inseguranças e traumas. Na verdade, líderes erram porque não estão tão certos de si mesmos.

Para ser um grande líder é preciso ser, antes de tudo, um grande ser humano. E aí errará não por ser líder, mas simplesmente por ser humano. E assim, enfim, errará menos e com um impacto muito menor.