TAKE 11 – “A arte de bem acolher”
Livro: Faça o Pino se a empresa dançar o Tango”
Todos os Diretores aguardavam ansiosamente na grande sala de reuniões, a tal que era utilizada quando se tratava de momentos solenes, momentos que se tornavam inesquecíveis, raras vezes por trazerem grandes memórias felizes, naquela sala eram detonadas bombas de quando em vez, que inevitavelmente mudavam o rumo dos acontecimentos.
Era o grande dia de apresentação do novo líder da empresa (a fazer fé nas profecias da Joaquina seria a liderança no feminino), e a qualquer momento o Luvinha D´Rei “traria pela mão” a mesma, e faria um discurso profundo e redentor.
A porta abriu-se e entraram de forma pausada e sorridente, um Luvinha D´Rei iluminado pelos holofotes de uns pares de olhos perscrutadores e ofegantes, e na sua dianteira a prometida!
Era mesmo uma liderança no feminino! A Joaquina acertou qual profeta do espanador, e os radares bem como o sistema de RX de cada Diretor, tentavam ler ao milímetro a nova CEO, a nova poderosa e empossada, que podia trazer um exuberante sucesso ou um redundante fracasso…mas isso só mais a frente seria desvendado…
Sorridente e “dona da situação”, na casa dos cinquenta anos, e de estatura mediana, com um rosto redondo e olhos claros, cabelo escuro e corte clássico, calças de vinco e blazer discreto, observou todos os presentes e saudou-os com um “bom dia” e um ligeiro aceno de cabeça.
– Ora muito bom dia minha empenhadíssima equipa! – Começou o Luvinha D´Rei, em tom de um treinador de futebol, tipo coach motivador e energético, que na verdade nunca o foi, mas há que ser adepto de uma liderança situacional (mudar só o tom não chega) mas o CEO tinha um forte sentido de “utilidade das coisas”, se o tom de voz servia o propósito para quê esforçar-se mais?
– Hoje tenho o prazer de vos apresentar uma pessoa, de grande calibre intelectual, com uma carreira incontestável e uma personalidade deslumbrante e carismática – Acompanharem-me nas boas vindas à Dra. Elisabete Bossy! – E num gesto eloquente apontou o seu braço indicando a CEO, e incitou a plateia a uma salva de palmas.
Elisabete Bossy, cresceu dois palmos e de repente parecia “Gulliver” a mirar os pequenos “Lillipputeanos”, aclarou a voz e começou:
– Muito obrigada pelo acolhimento caloroso, e muito obrigada ao Luvinha D´Rei pela simpática apresentação, é com imensa motivação e entusiasmo, que abraço este projeto, quero conhecer cada um de vós, quero trabalhar em equipa, e juntos levaremos a empresa para um novo patamar, o sucesso é garantido, se soubermos seguir em frente sem hesitações, sem medos! Conto convosco nesta aventura, e o nosso novo Chairman vai ter um papel crucial, validando que estamos no rumo certo e dando-me suporte nesta viagem! – Caro leitor, não está a pensar o mesmo que eu? – Estas alusões e metáforas a viagens, avivaram a ideia do Titanic, da carta de navegação “da líder ao leme” e do Chairman, no camarote a comtemplar o seu “botãozinho de pânico”, deliciado com o seu nível de controlo sobre a embarcação!
Depois de mais umas palavras floridas que ecoavam pela sala, foi tempo de inaugurarem um período aberto a questões, ninguém interpelou a dupla de super-heróis! O silêncio só foi interrompido quando ao fundo junto a porta da sala se ouviu:
– Já se pode servir o café e os croissants? É que se não fica tudo frio! – Joaquina Limpa Direitinho em plena performance no seu tom britânico, é que a disciplina e respeito pelos horários ainda é um valor seguro e há que impor regras senão “isto torna-se um bordel”!
Take 10 – Quem mexeu no Status Quo?
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