T&D durante e pós-pandemia: Como o presente impacta o futuro?

Ouça o nosso artigo sobre Treinamento e Desenvolvimento – T&D

No início de 2020 fomos assolados pela pandemia do Covid-19 e, de repente tudo mudou. As estruturas foram abaladas em todos os aspectos: pessoal, emocional, financeiro e profissional.

O mesmo aconteceu com as empresas. Todas se depararam com desafios sem igual gerando impactos em suas receitas, estratégias, orçamentos, e consequentemente, nos empregos, investimentos e fornecedores. O caos se instalava mundialmente.

Falando especificamente da área de treinamento e desenvolvimento, sofremos um grande abalo em nossas estratégias – independente do tamanho da área ou empresa.  Não podíamos mais treinar presencialmente, precisávamos reduzir custos e fomos forçados a encarar o ‘digital’ como personagem principal, não como um mero coadjuvante.

Vou dar um exemplo a vocês de como isso foi conduzido na prática: A empresa que trabalho possui um centro de treinamento onde passavam cerca de 12 mil participantes por ano. Tínhamos formações digitais, mas que atuavam apenas de forma complementar e ainda estavam em processo de desenvolvimento. Com a chegada da pandemia tivemos que reestruturar tudo num piscar de olhos. Como isto foi feito?

Analisamos os cenários, interagimos com os Clientes demandantes, fizemos pesquisas com nosso público final e, de forma rápida – nunca tão rápida – entendemos este novo cenário. Otimizamos e priorizamos projetos, antecipamos o lançamento de um app para capacitação e engajamento, criamos uma trilha de certificação digital com base em uma já existente, porém conectada as novas necessidades, reorganizamos nossa forma de comunicação e mergulhamos de cabeça no digital. E não menos importante: reconfiguramos nossa forma de trabalhar para se adaptar ao home office.

Quando percebemos já estávamos trabalhando mais do que antes e por isso foi necessário ajustar rotinas e processos para não perdermos o controle e gerar esgotamento físico/mental bem como doenças. Precisávamos buscar e manter o equilíbrio entre produtividade e sanidade.

E enfim, conseguimos. Ganhamos a confiança de nosso público e, pela primeira vez na história da empresa, lançamos um treinamento de produto de forma 100% digital, que gerou o reconhecimento de todos os nossos clientes externos e internos.

No entanto, após todos estes desafios, surgiu um novo questionamento: como seria o pós-pandemia para a área de treinamento & desenvolvimento?

Ao fazer uma análise podemos tirar algumas conclusões:

O digital é fundamental: O digital se tornou um dos principais personagens quando falamos em formar trilhas de desenvolvimento, pois ele permite que a pessoa – de forma ágil, de qualquer lugar e a qualquer momento – possa se capacitar e se desenvolver, além de reduzir os custos de formação. No entanto, colocá-lo como único canal de formação é não explorar todo o seu potencial principalmente quando conectado às estratégias presenciais.

O presencial continua importante, mas deverá ser mais estratégico: O ser humano necessita de contato físico, do ato de se reunir com os outros em algum lugar, e a pandemia mostrou o quanto sentimos falta da interação presencial. Nela, os sentidos ficam mais aguçados, todos ficam mais expostos e isso estimula a troca de ideias e melhores práticas.

Os treinamentos presenciais nunca mais serão os mesmos, pois precisarão ser reinventados para se justificar e deverão ser – mais do que nunca – desafiadores, inovadores e práticos, para que através de seu alto potencial de troca e interação, sejam geradas soluções para os negócios. Ele deve estimular os colaboradores a voltar para o trabalho com soluções para os problemas de seu dia-a-dia.

Outra máxima é que os presenciais precisarão estar conectados com o digital e suas ferramentas, pois só através delas podemos otimizar de forma inteligente o tempo e os custos de capacitação e, ao mesmo tempo, garantir o desenvolvimento e acompanhamento aplicando verdadeiramente conceito de formação contínua.

Devemos nos preocupar muito mais com a experiência de aprendizado, pois só a sua integração e conexão com a realidade dos participantes, e, ao negócio da organização, permitirá o sucesso de um programa de formação.

O Híbrido como solução: O caminho para o futuro das áreas de treinamento será o conceito híbrido, pois ele permite unir o melhor dos mundos – presencial e on-line – e, ao mesmo tempo, solucionar as dificuldades de cada modelo.  Devemos estruturar processos e formar nossos times para terem o olhar que equilibre o On-line e o Off-line.

Devemos, como treinamento, desenvolver capacitações menos conceituais e mais práticas, menos pragmáticas e mais inovadoras, menos “pegar na mão” e mais desafiadoras.

Nossas capacitações, sejam on-line ou presenciais, deverão focar em transformar os participantes em protagonistas de seu desenvolvimento. Devemos criar trilhas de capacitação que estimulem a autonomia onde cada participante possa desenvolver novas soluções e novos conceitos, impactando de forma efetiva e significativa nos resultados.

Lições aprendidas:

O nosso futuro como área de treinamento depende muito de como aproveitaremos tudo que vivemos neste período de pandemia.

Independente do segmento e do tamanho da empresa deveremos:

– Ser produtivos trabalhando tanto on-line como off-line;

– Aproveitar todo o potencial do digital e suas ferramentas (LMS, app, whatsapp, Zoom, Teams, entre tantos outros);

– Entender que o digital e o presencial não devem competir e sim coexistir para gerar resultados consistentes;

– Ter foco em criar programas de treinamento preocupando-se com a experiência do participante e com o seu aprendizado contínuo;

– Aproveitar ao máximo todos os recursos que temos, sem esperar pelo mundo ideal pois a pandemia só reforçou que esse ‘mundo ideal’ não existe.

O T&D terá que atuar de forma mais consultiva, conectada ao negócio sem perder o institucional. Se quisermos fazer parte do negócio devemos vivê-lo, interpretá-lo e ajudar a gerar soluções.

Por isso fica a pergunta para sua reflexão e pronta ação: O que todos vocês, líderes e liderados, independente do cargo que ocupam, devem buscar e se desenvolver para aproveitar e se destacar nessa nova era pós-pandemia que está se abrindo diante de nós?

Ficamos tão preocupados com o futuro e esquecemos que ele é reflexo do que fazemos hoje.

Lembre-se:  “A melhor forma de prever o futuro é criá-lo” (Peter Drucker).