Missão 2 – O confinamento matou o brilho do Teletrabalho

Faz alguns anos que trabalho com o teletrabalho, sempre numa ambiguidade profunda entre o eu trabalhador e o eu RH.

Se por um lado sempre ouve pressão por parte dos colaboradores em começar a gerir o seu tempo num formato distinto das 9:00 ás 18:00, havia por outro lado a necessidade por parte das empresas de que esta gestão não fosse no formato integral que garantisse a continuidade da culturas organizacionais já instituídas e valorizadas e se dava o apoio necessário aos colaboradores que integravam as organizações, não escondo que havia também alguns lideres que acreditavam que os seus colaboradores utilizariam este método de “longe da vista, longe do objetivo” para faltar com as suas responsabilidades.

As empresas (algumas) tiveram a possibilidade de fazer alguns testes durante a Pandemia da gripe das Aves… já nessa altura reforçámos o nosso dia a dia com gel desinfetante, mascaras e cuidados acrescidos nos contactos pessoais. Claro nada nunca ao nível destes 2 anos.

Já implementei politicas de teletrabalho ativo a 100% (nunca cumprido, as visitas ao escritório eram bastante frequentes), teletrabalho misto (que dava para ter uma organização e planeamento profissional diferente, por norma era em casa que melhor se conseguia fazer trabalhos estratégicos e que requeriam mais pensamento) e trabalho presencial obrigatório (a que as pessoas que obrigatoriamente trabalham com o publico (clientes/pacientes/utentes) ou em unidades industriais dificilmente conseguem beneficiar.

Nenhuma delas teve unanimidade na implementação. Por isso muito me surpreendeu quando durante a pandemia, em que o teletrabalho se tornou obrigatório, a maioria das pessoas aplaudiu e considerou que apreciam muito esta forma de trabalho nos mais recentes surveys a que tive acesso.

Numa altura em as pessoas gritam para que as empresas implementem programas que ajudem a balancear a vida profissional com a pessoal, como é que o teletrabalho se tornou tão importante.

Começo a chegar à conclusão que o tema do balanceamento entre a vida pessoal e profissional não tem a ver com o facto de as pessoas acharem que trabalham demasiadas horas e que precisam de mais tempo pessoal, mas pelo facto de ser altamente stressante cumprir os seus objetivos pessoais em horários que a seu ver são incompatíveis com a real satisfação que retiram de os cumprir.

É importante ter um espaço que imana a cultura da organização para onde voltar, é importante sentir que nesse espaço há também o nosso espaço, é importante o contacto pessoal direto, não só de afeto.

É importante sentir a identidade organizacional, senti-la e fazer parte dela…só assim as vitórias conseguiram saber e ser celebradas como reais vitórias, só assim as equipas se unem, só assim os objetivos profissionais são também pessoais.

Assim vai ser interessante perceber como uma nova realidade hibrida vai conseguir preencher as medidas de todos, organizações e empresas e acima de tudo, se quer os seus colaboradores no escritório, garanta que lá eles se preenchem… com os desafios, com o reconhecimento, com a equipa, com o ambiente, e com a boa disposição… Chame-os de forma informal ao espaço que gostaria que formalmente preenchessem.

Afinal isto do teletrabalho … Pode funcionar mas na flexibilidade de horário, não necessariamente na ausência do escritório ou obrigatoriedade de ficar em casa!  Cuidado ao interpretar os resultados de satisfação do teletrabalho! É preciso garantir um novo normal.

Tempos interessantes  os que se adivinham…dizem que vai ser o novo normal… Vamos ver de que forma brilhará no futuro o teletrabalho!