Quais as razões dos programas de inovação naufragarem nas empresas?

Atualmente muito se fala a respeito de inovação, de programas e ferramentas que pretendem explorar esse universo, até projetos mais complexos, envolvendo grandes investimentos, material e humano, para alavancar os negócios.

Esforços esses muito válidos, pois a inovação sempre fez parte do desenvolvimento da humanidade, é um processo natural, intuitivo, e sem dúvida uma questão de sobrevivência do ser humano.

No reino animal existem três respostas instintivas de sobrevivência; atacar, fugir ou paralisar.

O ser humano tem mais uma opção; inovar!

A inovação é a criatividade aplicada, algo útil e com valor.

Poderíamos citar várias definições de criatividade, e todas seriam muito válidas.

Normalmente as pessoas associam criatividade com habilidades artísticas, mas ela vai muito além disso, é uma habilidade para solucionar problemas, fazer escolhas e desenvolver formas diferentes de pensar e agir.

Todos nós somos criativos, de formas diferentes!

Quando falamos desse assunto precisamos citar os trabalhos de Alex Osborn, criador do brainstorming e do processo criativo de solução de problemas há mais de 60 anos.

Trata-se de um processo universal e intuitivo, que todos nós usamos ao enfrentar uma adversidade ou tomar uma decisão, seja comprar uma casa ou uma empresa. São etapas distintas de clarificar a situação ou problema, buscar informações, gerar opções para resolver a questão, aprimorar a ideia e implementar.

Todas essas etapas são fundamentais para obtermos êxito, e se alguma falhar nossa solução não será completa.

Em consonância com esses princípios, Gerard Puccio, Professor da Universidade de Nova Iorque, vem estudando os perfis das pessoas diante de situações desafiadoras há mais de 20 anos.

Como resultado desse trabalho, o Prof. Puccio desenvolveu o FourSight, o perfil do pensamento, que demonstra o caminho natural, as preferências de cada um ao resolver problemas.

O FourSight mostra onde colocamos a nossa energia, quais são os nossos pontos fortes ou nossos potenciais pontos cegos ao enfrentarmos os desafios, se somos mais propensos a esclarecer a situação, buscar mais dados e informações antes de partir para a solução, fase de clarificação, se naturalmente nos engajamos na geração de ideias e possíveis soluções, fase de ideação, se preferimos pegar uma ideia e dedicar mais tempo no seu aprimoramento, fase de desenvolvimento, ou se a energia é colocada para traduzir as ideias em um plano de ação e na sua execução, fase de implementação.

Nessa metodologia, conforme as preferências individuais, são definidos quatro perfis: Clarificador, Ideador, Desenvolvedor e Implementador, e cada um de nós demonstra preferência por um deles, ou pela combinação de dois, três ou quatro perfis, nesse caso identificado como perfil Integrador.

Não existe um perfil melhor que outro, todos são importantes quando se enfrenta um desafio, pois todos tem suas contribuições a oferecer em uma equipe.

Retomando a questão inicial do texto: Qual o motivo de alguns projetos de inovação não decolarem nas empresas apesar dos investimentos e das ferramentas de última geração?

Será que estamos levando em consideração os perfis das pessoas que atuam nesses projetos, será que as equipes são diversificadas, onde cada um contribui com suas preferências naturais ou será que as equipes são muito homogêneas e não caminham para uma solução efetiva do projeto?

Quais seriam os impactos nos negócios se estivermos trabalhando com equipes muito homogêneas? E muitas vezes isso acontece, quando os líderes buscam contratar pessoas com perfis semelhantes aos seus.

Podemos imaginar como seria uma equipe composta somente por Clarificadores?

Provavelmente eles ficariam buscando todas as informações, esclarecendo todas as dúvidas em relação ao problema antes de seguir adiante, podendo ficar engessados nessa fase.

E se fossem apenas Ideadores? Poderiam ter muitas ideias incríveis, passando de uma à outra sem dedicar tempo para aprimorá-las e implementá-las.

Assim como uma equipe de Desenvolvedores puros ficariam avaliando e aprimorando as ideias sem dar o próximo passo, podendo perder o “timing” adequado.

Finalmente, um time de Implementadores teria muita energia para fazer as coisas acontecerem de forma ágil e sem paciência para esperar os demais. Dessa forma poderiam perder detalhes e pular etapas importantes, como na escolha das melhores opções ou em seu aperfeiçoamento, comprometendo dessa forma a entrega final.

Fazendo uma analogia com o esporte, seria como em uma corrida de revezamento quando um atleta passa o bastão para outro com mais energia e fôlego para continuar e terminar a corrida! Portanto trabalhar com uma equipe diversificada seria o ideal, mas e se não tivermos essa possibilidade?

O FourSight também oferece orientações para o desenvolvimento de todos os perfis, como utilizar melhor nossos pontos fortes e fortalecer nossos potenciais pontos cegos quando trabalhamos em equipe, ou quando precisamos resolver problemas e tomar decisões mais assertivas.

Com o conhecimento dos perfis do time, tanto pelos líderes como pelos seus integrantes, os projetos são conduzidos com menos conflitos e com maior produtividade, pois as diferenças passam a ser respeitadas e valorizadas ao invés de rejeitadas ou criticadas.

O processo de inovação vai muito além da tecnologia. Está na cultura das organizações.

Uma cultura propícia à inovação está fundamentada no espírito de time, onde a fortaleza de um complementa o ponto cego do outro, onde as pessoas são respeitadas e valorizadas pelas suas contribuições, pelo que são, como seres humanos e como profissionais.