Salário Emocional: O que é e porquê é tão importante?
Na agenda das equipes de Remuneração & Benefícios muito se fala sobre os pacotes salariais a serem oferecidos aos trabalhadores: pesquisas salarias de mercado, tabelas salarias, aumentos anuais, remunerações variáveis (bónus)…. Muitos cálculos, orçamentos, negociações e cartas ofertas, fazem parte do cotidiano da área de Recursos Humanos.
Candidatos e mesmos trabalhadores muito preocupados também com as propostas, cálculos de imposto de renda, descontos de INSS, salários brutos e líquidos. É uma parte incontornável e de extrema importância para a vida laboral dos trabalhadores, sendo responsabilidade das empresas garantir remuneração justa, compatível com a posição, nível de responsabilidade, complexidade, experiência, formação e etc.
A Declaração Universal Dos Direitos Humanos, no artigo 23 determina que:
1) Toda pessoa tem direito ao trabalho, à livre escolha de emprego, a condições justas e favoráveis de trabalho e à proteção contra o desemprego,
2) Toda pessoa, sem qualquer distinção, tem direito a igual remuneração por igual trabalho, e
3) Toda pessoa que trabalha tem direito a uma remuneração justa e satisfatória, que lhe assegure, assim como à sua família, uma existência compatível com a dignidade humana, e a que se acrescentarão, se necessário, outros meios de proteção social.
Dessa forma, muito vem sendo feito por forma a garantir condições justas de remuneração aos trabalhadores, com embasamento nas leis internacionais bem como locais, suporte dos sindicatos e cada vez maior consciência das empresas sobre a importância e vantagens de o fazer.
Podemos destacar o trabalho desenvolvido pela Fair Wage Network, organização especializada no estudo aprofundado das práticas salariais ao redor do mundo, visando a progressão das mesmas, garantindo a coerência necessária e ajudando a articular uma abordagem justa, internacionalmente. Diversos gigantes já aderiram a esta iniciativa, como é o caso da Puma, Unilever, IKEA, HEINEKEN, para citar algumas.
Tudo exposto acima apenas corrobora o que é de conhecimento e entendimento geral, que a remuneração justa é uma ferramenta poderosa para atração e retenção de trabalhadores, em especial talentos.
Contudo, o mundo laboral está em constante evolução e não são somente as tecnologias, tipos e formas de trabalho, qualificações e competências requeridas, que estão mudando. As aspirações, o que move, motiva, atrai e retém os trabalhadores também está mudando. Cada vez mais os profissionais buscam para além de remuneração financeira, um “q” a mais, cujo valor é bastante considerável.
Assim, chegamos ao “Salário Emocional” que podemos definir como um conjunto de elementos que tocam os sentimentos e emoções dos profissionais em relação ao trabalho, muito além dos aspetos financeiros. A qualidade do salário emocional oferecido aos profissionais, tem um papel preponderante na sua produtividade, criatividade e engajamento.
O salario emocional vem agregar ao financeiro e ambos devem andar lado a lado. Ele nos faz refletir sobre qual o real ganho que temos com o nosso trabalho, fora o lado financeiro. Ele influencia bastante no clima organizacional, na forma como os trabalhadores se relacionam com a empresa e entre si.
Mas que esteja claro que o salario emocional jamais substitui o financeiro e que disparidade entre ambos, não produz o efeito desejado.
A sua composição não é padrão, sendo que as empresas devem analisar aspetos como sua condição financeira (sim, tem custo), estratégia de negócio e desenvolvimento, necessidades e aspirações dos seus trabalhadores, entre outros, ao implantá-lo. Em linhas gerais, ele pode vir em jeito de horários flexíveis, home office, folgas, benefícios sociais, espaços de lazer na empresa (ginásio, sala de jogos e/ou descanso), reconhecimento (prémios, certificados, menções honrosas), eventos de confraternização, treinamento (bolsas de estudo, certificações) e planos de desenvolvimento (planos de carreira & sucessão).
Os talentos, especialmente da geração Millennials, já vem deixando claro que não é somente o dinheiro que fala mais alto na decisão de aceitar uma proposta ou permanecer em uma empresa, tornando premente as lideranças cada vez mais se familiarizarem com este conceito e procurar, de forma estruturada e dentro das suas possibilidades, implementar na sua estratégia de pessoas.
O salário emocional é algo que deve estar na agenda das empresas que queiram efetivamente atrair e reter os talentos nas suas estruturas, sendo um catalisador das suas entregas e qualidade das mesmas. Ele garante o alcance do equilíbrio entre a vida pessoal e profissional, mostrando o reconhecimento da empresa em relação ao trabalhador, não só como profissional, mas como ser humano, sua condição primária e basilar.