Construir uma Cultura Organizacional com foco nas Pessoas

Em primeiro lugar, agradecer o convite da comunicaRH, especialmente por ter a oportunidade de partilhar a minha opinião e o que sinto em relação a uma área fundamental nas Organizações: a Gestão de Pessoas e o que me move na concretização de boas práticas em Recursos Humanos.

Desde sempre que me considero uma pessoa das pessoas, alguém que concentra o seu esforço e o seu compromisso diário no desenvolvimento e implementação de ações decisivas para o bem-estar dos colaboradores e consequentemente das empresas onde tenho trabalhado.

Esta premissa mantém-se desde o início da minha vida profissional e, hoje em dia, é ainda mais uma realidade premente, não só pelos desafios do mundo atual mas também por estar integrado num contexto profissional onde isso se encontra refletido a todos os níveis da Organização.

Sendo um defensor acérrimo e acreditando verdadeiramente na criação de estratégias integradas e não de ações avulsas e pontuais, identifico como um dos maiores desafios de base, a existência de uma Cultura Organizacional consolidada, robusta, reconhecida e com a qual os colaboradores se identifiquem.

As Organizações focam-se, cada vez mais, no desenvolvimento tecnológico, na otimização dos processos, na redução de desperdícios ou no impacto da sua pegada ambiental mas devem também ter como uma das suas principais prioridades as Pessoas.

 E quando falamos em Pessoas, o pensamento deverá ser sempre transversal, não se focando exclusivamente em grupos específicos ou nichos mas sim em todos os colaboradores da Organização.

Enquanto impulsionadores nas nossas Organizações cabe-nos a nós, Gestores de Recursos Humanos, um dos papeis principais na estratégia de criação, implementação, reforço e ajuste (consoante o estágio de desenvolvimento da nossa Empresa), de uma Cultura Organizacional que reflita a Missão, Visão e Valores da Empresa.

Entendo que uma Cultura Organizacional só será bem assimilada e “sentida” se tiver uma base forte e sustentada.

Considero, por isso, que a mesma deverá assentar num modelo ajustado a cada contexto profissional mas que reflita, no seu essencial, a identidade da empresa.

Cada Organização deverá adotar o modelo que melhor se adapte à sua realidade sendo que, pessoalmente, privilegio um modelo assente nos seguintes pilares:

Excelência, Liderança, Compromisso, Envolvimento, Condições de Trabalho, Comunicação, Reconhecimento e Segurança Alimentar (pilar ajustável à respetiva área de negócio).

A razão da escolha destes pilares passa por criar na Organização uma sistemática de pensamento global, abrangente e integrador, concretizada por um conjunto de equipas de trabalho interdepartamentais, responsáveis pela dinamização de práticas positivas que reforcem e aumentem o grau de relação dos colaboradores com a Empresa, a sua satisfação e o seu desempenho, compreendam o que é esperado deles e de que forma acrescentam valor à Organização.

É também nossa responsabilidade e nosso dever, enquanto Gestores, alinharmos estratégias de modo a que consigamos criar as melhores condições de trabalho, um ambiente positivo e transparente, no qual os colaboradores se sintam genuinamente bem, que têm uma participação ativa, que o seu feedback é valorizado e que o esforço do seu trabalho é reconhecido.

Por outro lado, que são intervenientes diretos nos processos de tomada de decisão, que a sua equipa funciona com partilha de informação regular e positiva e que o equilíbrio faz parte do seu dia-a-dia a todos os níveis.

A partir do momento em que os colaboradores identifiquem ações concretas e impactantes no seu dia-a-dia de trabalho a Cultura Organizacional passará a estar intrínseca a todas as atividades desenvolvidas, a todos os planeamentos efetuados, a todas as partilhas de informação realizadas.

Partilhando um pouco do que é desenvolvido hoje em dia na Organização onde trabalho, o reforço da Cultura Organizacional é uma prioridade tanto para a Administração como para as equipas de Gestão, refletindo-se da seguinte forma:

– A importância de dar e receber Feedback com regularidade é assumida por todos;

– O nível de Exigência no desenvolvimento dos processos é assumido por todos;

– O Respeito por todos os que contribuem direta ou indiretamente para as atividades diárias da empresa é assumido por todos;

– O Compromisso que temos que alocar a cada tarefa, atividade e ação que desenvolvemos no dia-a-dia é assumido por todos;

– O Reconhecimento do trabalho efetuado e do contributo dado por cada colaborador é assumido por todos;

– A Transparência que colocamos em tudo aquilo que fazemos é assumido por todos;

E estes são fatores essenciais para que todos os colaboradores se sintam bem, que trabalhem num ambiente positivo, num contexto de desenvolvimento, de melhoria contínua, onde o seu trabalho é valorizado e onde os Gestores os guiam, os ajudam a desempenhar melhor as suas tarefas, a desenvolver as suas competências e conhecimentos, pois sabem que só assim poderão ter equipas motivadas, produtivas, envolvidas.

Não somos teóricos, somos práticos, queremos desenvolver, implementar, demonstrar aos nossos colaboradores que a felicidade no trabalho começa com o reconhecimento que eles são a base de tudo e que, nós Gestores, somos os responsáveis por lhes proporcionar um contexto profissional organizado, no qual se fomente o feedback e a partilha.

É nosso dever também, complementarmos tudo o que foi acima descrito com momentos de partilha, de reforço positivo, mais lúdicos do que profissionais, mas fazendo isso parte de uma estratégia integrada de valorização e reconhecimento positivo.

É uma prioridade que os Gestores fomentem uma estratégia de proximidade e de acompanhamento constante aos seus colaboradores, até porque este é um dos grandes desafios dos nossos dias, onde o teletrabalho tem assumido um papel cada vez mais relevante.

Este “novo normal” deu-nos a possibilidade de olhar para o teletrabalho como uma grande oportunidade de futuro e não como uma ameaça, em termos de novo modelo de organização do trabalho.

Em suma, o desenvolvimento de uma cultura de trabalho cooperante, partilhada e envolvente, que nos desafie constantemente a colocar nos “sapatos dos outros”, é fundamental para conseguiremos melhorar, evoluir, respeitar, valorizar.

Sendo um caminho contínuo, muitos desafios se apresentam constantemente, mas mantendo o sentido de compromisso, a motivação e a dedicação, certamente conseguiremos que as nossas equipas, os nossos colaboradores e toda a Organização, se identifique e se reveja no trabalho desenvolvido.