O desafio da Liderança em contexto de trabalho remoto. Um novo paradigma na Gestão de Recursos Humanos?

Em janeiro de 2020 nada previa o novo paradigma que nos surgia e que nos obrigou a adaptar todas as estratégias à velocidade da luz, como se de super-heróis nos tratássemos.

Esta nova realidade abrigou-nos, em primeira instância, a proteger-nos de uma ameaça invisível aos nossos olhos e que, sem “ser anunciado ou convidado” ameaçou, ameaça e continuará a ameaçar as “nossas pessoas” e por inerência, a sustentabilidade da nossa economia.

Com esta realidade, o contexto de teletrabalho, que em tantas organizações mais conservadoras, era visto com desconfiança ou como fundamento para a improdutividade, tornou-se uma realidade que veio para ficar.

Estou convicta que, abraçámos um novo paradigma, onde o contexto de trabalho, assentar-se-à num contexto híbrido, onde haverá lugar em simultâneo, a duas realidades: o contexto presencial e o contexto de trabalho remoto.

Com este novo caminho, também enormes desafios na Gestão de Recursos Humanos se apresentam. As equipas de RH nunca foram elas tão verdadeiramente observadas como ponto estratégico e como pilar estruturante das equipas e das empresas. Nunca se falou tanto na proximidade das pessoas, e a verdade, é que, na maioria das empresas, conseguimos verificar uma maior proximidade às equipas na sua generalidade.

Em período de pandemia, as chefias, foram obrigadas a estarem mais próximas da sua equipa, dando maior liberdade na forma de execução, mas estando mais atentas aos sinais de desalinhamento dos projetos, bem como, à motivação necessária para o sucesso de qualquer trabalho.

Arrisco a dizer que, este período terá sido uma oportunidade para conhecermos melhor as nossas equipas e perceber as verdadeiras “core skills” que acompanham os diversos modelos de avaliação de desempenho.

Neste caso, o indicador “tempo de trabalho” deixou de estar associado à concretização dos objetivos, e em substituição, ficámos muito mais focados no processo de cumprimento de metas.

A forma como esses objetivos se concretizam, apresentar-se-à então, como um indicador de avaliação às chefias, assim como estas conseguirão potenciar o melhor de cada elemento.

A Liderança apresentar-se-á como um dos maiores desafios neste novo paradigma.

As competências necessárias a uma liderança forte e eficaz, mais do que nunca serão colocadas em ênfase e o papel de líder, nunca antes se apresentou tão desafiador.

Liderar neste novo contexto, exigirá adaptações em relação às práticas anteriormente adotadas a cada modelo de gestão.

Os novos líderes, deverão estar mais próximos e atentos, a sua comunicação deverá ser assente em comunicações, transparentes, objetivas, sinceras, de modo a reforçar a confiança na sua equipa, e em simultâneo, apontar o caminho à concretização dos objetivos delineados.

O novo líder deve apresentar-se com um motivador e “escultor” de talentos, não como um inibidor da criatividade.

Se pretendermos reter talentos, um dos principais pontos, passará por acolher as suas ideias, permitindo a participação ativa na mudança e na estratégia do projeto onde se encontram envolvidos.

Acredito que, se queremos pessoas brilhantes, deveremos deixa-las brilhar, potenciando as suas valências, ao mesmo tempo que esculpimos as competências a trabalhar. Ser líder passa também por isto! E isto, sem dúvida, dá muito trabalho.

Por isso, o sucesso de uma equipa, não poderá passar por um líder apenas com “skills” técnicos bem definidos. Para além desse fator, também ele tão importante, um líder deverá apresentar-se como uma pessoa capaz de motivar, trazendo o melhor de nós e moldando o pior que existe na nossa performance.

Estou convicta que, o sucesso das organizações, para além da estratégia, do foco, e dos pressupostos comerciais, passarão sem dúvida, pelo papel diferenciador que
os líderes ocuparão nas suas equipas, apresentando-se com um papel de destaque e como parte integrante ao processo de gestão.

De uma forma natural, haverá lugar a um processo de seleção, e acredito que, mesmo com um bom líder, haverá pessoas que não se irão adaptar às novas realidades das empresas, sendo este também um processo de transformação para as mesmas.

É tempo de mudança, e este tempo obriga-nos a caminhar em conjunto. E sem dúvida que, um bom líder fará diferença neste processo de seleção natural que vivemos!