Resiliência tecnológica

Quantos de nós neste período conturbado nos deparamos com a
necessidade de ter de explicar aos nossos familiares menos jovens como
fazer uma videochamada. Possivelmente antes do Covid alguns de nós
teríamos afirmado que seria quase impossível que os nossos pais/avós
pudessem participar numa videochamada. Em alguns casos ao fim de pouco
tempo já iniciavam autonomamente uma chamada de grupo com os seus
filhos ou netos.

A verdade é que todos conseguimos nos adaptar, com maior ou menor
dificuldade, a esta nova forma de contacto principalmente no período do
confinamento. Quando usamos as palavras já gastas do “novo normal”
temos de incluir as videochamadas no conceito familiar como algo que
pouco existia e que passou a acontecer mesmo para os que vivem a poucos
quilómetros de distância.

Nas empresas também aconteceu algo semelhante. Para muitos e de uma
forma quase imediata o teletrabalho e o trabalho remoto passaram a ser
uma realidade. As equipas de Tecnologias de Informação (TI) das empresas
tiveram um trabalho árduo de num curto período de tempo disponibilizar
ferramentas e meios para que isso fosse possível.

As video-conferências ganharam outra importância, e quando muitos
conheciam o Skype, Zoom, Webex e o Google Meet apenas pelo nome
passaram a ser utilizadores diários destas plataformas. O Google Meet
estava somente disponível para clientes do setor empresarial e educação,
e passou a estar disponível para mais de um 1 bilhão de utilizadores que a
Google possuí. A plataforma Zoom passou de 10 milhões de utilizadores
para 300 milhões em apenas 3 meses.

Para muitos gestores foi também uma agradável surpresa perceber que
alguns dos seus quadros se adaptaram sem resistência. Conseguiram ainda
ultrapassar as dificuldades que surgiam em tão pouco tempo, tarefa que
consideravam inicialmente quase impossível.

Em suma, reuniões tornaram-se mais produtivas e em menos tempo e o
trabalho mais eficaz por parte dos colaboradores. Estes são os fundamentos
que nos permitem perceber que deveremos tirar conclusões importantes
para o futuro dos Recursos Humanos em cada uma das organizações. Seria
desastroso não aproveitar alguns ensinamentos que conseguimos extrair
após um período para que nenhum de nós estava preparado.

Ao contrário de outras modas, acontecimentos e afins, o Covid deixará
inevitavelmente a sua marca, algo que nunca esquecermos. Perante o
impacto negativo que esta situação nos apresentou, devemos todos
analisar e compreender o momento e aproveitar os aspetos positivos.
Como Renato Russo afirmou, ”Quando tudo nos parece dar errado,
acontecem coisas boas, que não teriam acontecido, se tudo tivesse dado
certo”.