Breve reflexão sobre Longevidade e Reforma

Desde cedo que tive a honra de assistir a palestras sobre este tema por variados especialistas, transversais a diversas áreas, incluindo, por diversas vezes o Dr. António Bagão Félix a alertar para a necessidade de outro olhar sobre a demografia, o envelhecimento, as Pensões…

Chegados a uma situação de Pandemia e agora de inflação, parece-me pertinente voltarmo-nos a sentar e refletir sobre o tema e os impactos causados por ambas e pela nova expectativa e perspetivas dos mais jovens perante seja o Mercado de Trabalho seja sobre a Poupança para a reforma.

A tensão geracional entre os que descontam para a S. Social e os que auferem da mesma é cada vez mais premente. 87% dos contribuintes são dependentes e vulneráveis a partir dos 65 anos.

Existem menos contribuintes por pensionistas o que representa, por si só, uma diminuição de rendimentos futuros. Já há quadros métricos que avisam que quem se reformar daqui a 50 anos auferirá de uma percentagem mínima do salário sobre o qual descontou.

Não temos dúvidas em afirmar que a Reforma como está concebida, com base em métricas e índices de envelhecimento de 1929 não faz bem à Saúde quer física quer mental.

Existe já um défice negativo entre a população ativa e a desativa que alavanca um exercício de fatalidade – descontar/ poupar para quê?

Também ninguém duvida da necessidade de um olhar sobre a Reforma ativa e a formação contínua e a necessidade da reinvenção dos Financiamentos ou das Políticas Fiscais atrativas para Produtos como os Fundos de Pensões ou os PPR.

A Política de Longevidade deve ser encarada de forma abrangente e transversalmente multidisciplinar abrangendo vários racionais transversais a gerações e sociedade.

45% da População não paga impostos, logo não tem condições de poupança. A carga Fiscal de Produtos de Poupança é pesada. A juventude, por uma questão de Economia Comportamental e cultural não projeta o seu futuro apesar da esperança média de vida ser, hoje, bastante superior ao que era antigamente – Impulsividade, Autocontrolo, Autopreservação, Positivismo extremo, literacia financeira mais virada para a educação de estratégias e Consciência do Eu, Aversão á perda com PPR`s e Fundos de Pensões com taxas negativas, Estado de Previdência…

Tudo isto faz com que os Portugueses privilegiem os Depósitos a prazo ao invés dos PPR. Por outro lado, existe falta de alternativas ao Mercado de Baixo Risco o que provoca aversão ao Risco, existindo a necessidade de apostar em novos instrumentos financeiros com melhores benefícios fiscais, transparência, segurança e fidedignidade.

O sistema pode-se considerar congelado e não em sintonia com o presente e o futuro.

Há que rever o nexo de causalidade e não o focar na demografia. Com o decorrer do tempo a longevidade e a esperança média de vida são muito superiores ao passado e continuará a alterar-se continuamente com o avanço da ciência e da medicina.

Há que estimular a mentoria intergeracional nas organizações e até possibilitar a concessão de Bolsas de Estudo para atualização de Conhecimentos ou Revisão em qualquer estágio etário e independentemente da Formação Formal de cada um. A aposta deve ser na Prevenção mais que na solução para que se escute e coloque os jovens no cerne do debate e se vá ao encontro das variadas expectativas sejam a nível racional ou de canais tecnológicos e Inteligência Artificial.

Infelizmente, ainda só 5% das aplicações Financeiras estão em Fundos de Pensões.

O ónus da questão. Pensem embora as condicionantes de natalidade, emprego, alojamento, rendas…está em iniciar o “pé de meia” o mais breve possível e com entregas suplementares sempre que o Mercado o permita adaptando os produtos ao conhecimento formal atual.